Convenhamos que os prazeres da vida são deliciosos, não é, meu amado leitor? Mas o fato é que a gente não pode buscar somente por eles o tempo todo, porque a vida é composta de altos e baixos, dores e delícias, erros e acertos. Os prazeres não duram para sempre e, se a gente for analisar direitinho, eles mudam ao longo da nossa vida.
As coisas que nos satisfizeram antes podem não mais nos satisfazer agora. Ou seja, a busca somente pelo prazer é inconstante e, indo mais fundo, a gente ao menos nem sabe bem o que realmente gosta e quais são os nossos desejos; buscamos preencher vazios que nem sabemos quais são e, o que agora nos deleita, depois há uma grande chance de não nos dar nada além de mais vazio; resultado disso tudo: frustração!
Mas vamos com calma, pegue aqui na minha mão, tome um golinho de água aí e acompanhe meu raciocínio. Repare bem, meu amado ser de luz que lê agora estas linhas, você consegue identificar a finalidade das coisas em sua vida? O porquê você faz o que faz? O quê você está buscando agindo de forma x, y ou z? Qual o objetivo de fazer o que você faz?
Essas são perguntas simples, mas profundas, não é mesmo? Muitas vezes a gente age no automático, de forma inconsciente, tentando fugir das nossas dores e da realidade que nos cerca. Trabalhamos demais, nos ocupamos das vidas dos outros demais, comemos demais, dormimos demais, bebemos demais. Mas, meu caro, verdade seja dita: não tem como fugir da realidade, ela bate à nossa porta, mais cedo ou mais tarde.
Além de bater à nossa porta, a realidade traz em sua bagagem o entendimento de que é preciso assumir e pagar o preço das nossas escolhas e das nossas circunstâncias. Amadurecer emocionalmente é aceitar, encarar e ir para a vida com o entendimento de que não dá para fazer somente o que se gosta, o que dá prazer, o que satisfaz. Esse é um comportamento infantil.
Uma criança não quer saber das responsabilidades, ela quer brincar mais cinco minutos, ela quer ficar na piscina mais um pouquinho, ela quer ir em mais um brinquedo no parque de diversões. Uma criança deseja plenamente satisfazer suas vontades e, quando isso não acontece, ela provavelmente vai fazer uma birra. E quantas birras nós fazemos buscando fazer somente o que nos parece ser confortável, fugindo das responsabilidades?
A vida adulta requer da gente comprometimento, posicionamento, atitude e decisão. Requer coragem também! Coragem para fazer o que precisa ser feito, coragem para lidar com o que não é gostoso e, ainda assim, seguir se deleitando com a vida.
Lógico que a conversa aqui não é de sacrifício, longe disso! A prosa é sobre a gente buscar acrescentar em nossa rotina momentos de prazer e descanso, sim; mas entender que buscar somente por eles não nos leva ao patamar de construção de valores reais, histórias reais, amores reais e vida real.
Que a gente possa buscar o prazer, mas buscar ainda mais viver o que realmente vale e pague o preço de vivê-lo.
Vale a pena!