
O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio (HMIJS), em Ilhéus, e a Maternidade Regional de Camaçari (MRC), localizada na Região Metropolitana de Salvador — unidades que integram a rede hospitalar da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e são geridas pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS) — se destacam como referências no fortalecimento das políticas públicas voltadas à saúde materna, pediátrica e neonatal. Neste ano, a campanha nacional com o tema “Começos Saudáveis, Futuros Esperançosos” chama atenção para o aumento dos casos de gestação de alto risco no país. Em 2021, por exemplo, o Brasil registrou 110 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos, um retrocesso aos índices da década de 1980, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Garantir um pré-natal adequado, parto seguro e assistência neonatal qualificada são fatores decisivos no enfrentamento dessa realidade. No ambulatório do Materno-Infantil de Ilhéus, gestantes de alto risco tipo 2 — como aquelas com gestação gemelar, diagnóstico de pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional em gravidez anterior ou histórico de complicações obstétricas e/ou perinatais — são acompanhadas por uma equipe multiprofissional. Em 2024, a unidade registrou 642 partos de gestação de alto risco, dos quais 322 foram partos normais, reflexo de uma política de cuidado eficiente, acolhedora e humanizada desde o pré-natal.
Números expressivos
De janeiro a março deste ano, já foram realizados 185 partos de alto risco na unidade, sendo 96 deles normais. Um dos casos mais recentes foi de uma gestação gemelar dicoriônica — quando cada bebê possui sua própria placenta. “O parto normal foi possível porque os dois estavam em apresentação cefálica (de cabeça para baixo), a gestação chegou ao termo e os fetos apresentavam pesos adequados para a idade gestacional, sem grandes discrepâncias”, explicou o coordenador de Obstetrícia do HMIJS, Dr. Rhaun Victor Moraes. A paciente foi acompanhada durante toda a gravidez.
Na Maternidade Regional de Camaçari, também houve destaque: foram realizados 653 partos de alto risco em 2024 e 161 apenas no primeiro trimestre de 2025. A unidade realiza, em média, 320 atendimentos mensais de pré-natal. Ambas as maternidades atuam continuamente na melhoria da qualidade da assistência, contribuindo para a prevenção de complicações que podem levar à mortalidade materna e infantil.
“Quanto mais precocemente a gente diagnostica e atua nas gestações de alto risco, maiores são as chances de sucesso”, afirma a diretora médica da MRC, Viviane Santiago. “Podemos controlar ao longo do pré-natal, oferecendo à gestante opções que possibilitem uma gravidez com o menor risco possível. É importante que ela tenha consciência de que pequenos cuidados podem mudar o prognóstico da gestação e do nascimento do bebê. Nosso objetivo é evitar ao máximo o parto prematuro”, completa.
Mudança de panorama
A vida mais acelerada e o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, por exemplo, são fatores que vêm contribuindo para a mudança no perfil das gestantes de alto risco. Raíssa Magalhães, de 21 anos, está grávida de gêmeos — condição que acendeu o sinal de alerta dos médicos. Ela iniciou o pré-natal em uma unidade de saúde do município de Ilhéus, mas, após uma emergência, foi encaminhada ao Hospital Materno-Infantil e passou a ser acompanhada no ambulatório especializado. Agora, no oitavo mês da gestação de seus primeiros filhos, conta que, além da atenção especializada de excelência, o vínculo com os profissionais tem lhe proporcionado mais segurança para o momento do parto.
Sofia nasceu saudável na Maternidade Regional de Camaçari. A mãe, Juliana Oliveira, de 33 anos, natural de Porto de Sauípe, só descobriu que sua gravidez era de alto risco no sétimo mês de gestação, ao ser diagnosticada com pressão alta e diabetes gestacional. “Até então, eu fazia o pré-natal na minha cidade sem saber dos problemas. Só consegui fazer todos os exames necessários quando cheguei ao ambulatório da maternidade”, relatou.
Referência
Com estrutura moderna e equipamentos de última geração, o Materno-Infantil de Ilhéus e Maternidade de Camaçari são referência para o tratamento de gestantes de alto risco em toda a Bahia.
Inaugurada em 2022, a MRC dispõe de 107 leitos que atendem a diferentes necessidades, desde partos de risco habitual até os de alto risco. São 56 leitos de obstetrícia, 8 para gestação de alto risco e outros destinados à neonatologia, cirurgia ginecológica e plástica, além de leitos de UTI neonatal e unidades de cuidados intermediários (UCI), incluindo o modelo Canguru, que favorece o contato entre mãe e bebê, fortalecendo o vínculo afetivo e o desenvolvimento dos recém-nascidos.
Já o Materno-Infantil de Ilhéus é a primeira maternidade 100% SUS da região sul do Estado. Com 105 leitos para obstetrícia, partos normal e de alto risco, além de pediatria clínica, UTIs pediátrica e Neonatal, a unidade já ultrapassou a marca de dez mil bebês, assegurando assistência de excelência para milhares de baianas.