O namoro do ex-juiz Sérgio Moro com o presidente Jair Messias Bolsonaro chegou ao fim. A entrevista de ontem no Fantástico foi a última pá de cal. O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública só faltou dizer, de maneira mais explícita, que seu ex-chefe esconde a corrupção debaixo do tapete da impunidade.
A relação entre Bolsonaro e Moro foi pautada na troca de interesses. O então candidato ao Palácio do Planalto usando Moro como “cabo eleitoral” e o então juiz sonhando todos os dias com a nomeação para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segue abaixo, ipsis litteris, sem uma ordem cronológica, alguns comentários que fiz via Editorial do Wense.
Em 27 de julho de 2019 : “A permanência de Sérgio Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro caminha para o insustentável”.
Em 10 de dezembro de 2018 : “Assim que tomar posse como presidente da República, Jair Messias Bolsonaro tem que esclarecer todo tipo de denúncia que apareça no governo, independente de qualquer situação ou constrangimento. A bandeira do combate à corrupção foi hasteada em todos os lugares que o então candidato fazia campanha”.
Em 21 de setembro de 2019 : “Não tenho a menor dúvida que a autonomia da Polícia Federal é imprescindível para a estabilidade e consolidação do Estado democrático de direito. Polícia Federal sofrendo ingerência de governantes de plantão para satisfazer seus interesses políticos, proteger seus correligionários, é inaceitável. Fere de morte o princípio constitucional de que “todos são iguais perante a Lei””.
Em 27 de agosto de 2019 : “O ex-juiz Sérgio Moro precisa escolher qual o caminho que pretende seguir, se o que leva ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou ao cobiçado Palácio do Planalto. Se optar pela instância máxima do Poder Judiciário, hoje questionada pelo viés político de alguns ministros, vai ter que suportar, silenciosamente, as humilhações que vem sofrendo do presidente Bolsonaro, cada vez mais preocupado com a possibilidade de Moro ser um dos adversários na sucessão de 2022. É escancarado os fatos que demonstram o desprestígio de Moro no governo bolsonariano”.
Pois é. Hoje, 25 de maio de 2020, Bolsonaro prefere ver o diabo do que Moro e vice-versa. Se aproxima do Centrão e enterra o discurso da “nova política”, cometendo um escandaloso estelionato eleitoral. O toma-lá-dá-cá já é parte do governo. Só falta agora uma espécie de mensalão ao modo do lulopetismo para garantir a tal da governabilidade.