Quem acha que o assunto sucessão presidencial de 2022 é prematuro, que é muito cedo para vir à tona, comete um grande equívoco.
Ora, se eles, os presidenciáveis, já dão sinais de que pretendem disputar o cobiçado Palácio do Planalto, comentar sobre suas legítimas e democráticas pretensões políticas passa a ser normal e compreensível.
O engraçado é que quando o comentário é feito por jornalistas da chamada grande imprensa, principalmente da região Sudeste, mais especificamente do eixo RJ-SP, é aceitável. Mas quando parte de um escriba do interior da Bahia, é subestimado.
Se sair na Veja, Época e outras revistas de grande circulação, bem como nos jornalões Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Valor Econômico e outros, não há intempestividade e nem críticas.
Afirmo aqui, neste Diário Bahia, que já existe um “duelo” entre o ex-juiz Sérgio Moro e o general Hamilton Mourão em torno da sucessão de Jair Bolsonaro. Esse confronto tende a ficar mais acirrado com o fim da reeleição para chefes do Executivo.
Bolsonaro, no encontro que teve com a bancada do PSDB, na última quarta (5), prometeu aos tucanos que vai se empenhar pessoalmente para que seja aprovado no Congresso o fim do instituto do segundo mandato consecutivo.
Moro e Mourão são, sem nenhuma dúvida, os mais fortes pré-candidatos na eleição de 2022 no campo bolsonariano. É evidente que vão jurar por todos os Santos que tudo não passa de uma invencionice.
E se Moro disser que não será candidato em hipótese nenhuma, cruzar os dedos ou fazer outro ato de jura, não se pode confiar. É bom lembrar que o ex-juiz já declarou que jamais assumiria um cargo político.
Moro é o futuro superministro da Justiça do governo Bolsonaro e, como tal, passa a conviver com o mundo político. Ora, se aceitou o convite para o primeiríssimo escalão, imagine para ser o candidato de Bolsonaro à presidência da República. A resposta é sim, sem pestanejar.
Mourão procura se diferenciar de Moro no quesito onde o ex-homem forte da Lava Jato mais se destacou: o implacável combate à corrupção. O general escolheu o “Caso Onyx” como primeiro round.
Onyx Lorenzoni, futuro ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, está sendo investigado por recebimento de caixa 2 em duas eleições.
Moro passou as mãos sobre a cabeça de Onyx, aceitando seu arrependimento: “Ele já admitiu e pediu desculpas”. Portanto, nada de punição. O pedido de desculpa o isentou de um eventual crime.
Mourão, vice-presidente eleito, foi duríssimo com o réu confesso: “Uma vez que seja comprovada que houve ilicitude, é óbvio que terá de se retirar do governo”.
Nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, o que se comenta é que Moro foi precipitado na sua defesa em favor de Lorenzoni.
A declaração de Moro – “Ele já admitiu e pediu desculpas” – não caiu bem para um juiz que conduziu a Operação Lava Jato com bastante vigor e invejável disposição para punir os larápios do dinheiro público.
“Sairá do governo se caixa 2 for comprovado”, disse o presidente eleito Jair Messias Bolsonaro, quando questionado sobre o “Caso Onyx”.
Pela sua resposta, Bolsonaro não concordou que pedido de desculpa seja suficiente para livrar seus auxiliares da degola. Mourão venceu o primeiro confronto com Moro.