MOURÃO QUEBRA O SILÊNCIO


Silêncio de Mourão foi quebrado após a decisão do ministro Edson Fachin


 

Tem um bom tempo que o relacionamento político entre o vice Hamilton Mourão e o presidente Bolsonaro se limita ao aspecto institucional, com cada um cuidando do seu quintal e de suas prerrogativas constitucionais.

O distanciamento social entre o capitão e o general não é por causa da pandemia do novo coronavírus, mas em função de posições ideológicas diferentes. Nos bastidores dos seus cantinhos, em conversas reservadíssimas com correligionários de inteira confiança, ambos soltam o verbo.

Quem mais colocou lenha na fogueira, aumentando as labaredas do atrito entre o chefe do Palácio do Planalto e seu substituto imediato em caso de vacância do cargo, foi Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, que já chegou a dizer que “o jogo do general Mourão está muito claro”. Mas não explicou qual seria esse “jogo”, o que terminou provocando várias insinuações, principalmente por parte da oposição.

O chamado núcleo duro do bolsonarismo não gostou da declaração de Mourão em relação a uma eventual candidatura do ex-presidente Lula. O vice disse que “se o povo quiser a volta de Lula, paciência”. Para o bolsonarismo, Mourão passou a impressão de que está pessimista, que não acredita na reeleição de Bolsonaro.

O silêncio de Mourão, que faz de tudo para evitar uma crise institucional, que é tido como uma pessoa que busca a harmonia entre os Poderes da República, foi quebrado após a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, que anulou todas as condenações do ex-presidente Lula, que continua como réu na Justiça Federal de Brasília, o que significa que o “Lula Livre” não é tão livre assim.

Para piorar esse péssimo relacionamento, Mourão, ao ser questionado sobre a pandemia da covid 19, disse que “faltou uma boa condução, não só por parte do governo federal, mas também pelos demais entes federativos”.

Uma coisa é certa: se o general Hamilton Mourão não fosse vice-presidente da República, ocupasse um ministério, já teria sido defenestrado há muito tempo.

Outro ponto que não pode passar despercebido é a sorte de Bolsonaro em ter um Mourão como vice, que sabe da importância de evitar uma crise institucional neste momento gravíssimo que passa o país. Já pensou um vice chutando o pau da barraca?

Pelo andar da carruagem, fica cada vez mais complicado uma reconciliação entre o capitão e o general. Politicamente falando, estão longe um do outro. Militarmente, não sei se haverá uma troca de continências.

PS – No tocante à covid 19, o presidente da Abradif (Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário), Lourival Panhozzi, convidou Bolsonaro para ser coveiro por um dia. “Só por um dia para ter a real noção do que está acontecendo no Brasil”, disse Panhozzi. Que coisa, hein! Até que ponto chegamos. O chefe do Palácio do Planalto sendo convidado para ser coveiro. Só Deus na causa, como costumam dizer os religiosos