Nilo ou o Coronel?



 *Marco Wense

O governador Rui Costa (PT), mais cedo ou mais tarde, vai ter que decidir se prefere o apoio de Marcelo Nilo (PSL) ou de Ângelo Coronel (PSD).

O ideal seria se o chefe do Executivo ficasse com os dois deputados do seu lado, unidos em torno do legítimo direito de disputar o segundo mandato.

O problema é que Nilo e o Coronel se tornam cada vez mais distantes e imprevisíveis quando o assunto é a eleição de 2018.

Nilo não quer o Coronel no mesmo palanque e vice-versa. Ambos estão dando declarações que soam como uma espécie de ultimato ao governador: ou eu ou ele.

Quando questionado sobre seu apoio, se fica com Rui Costa ou ACM Neto, Nilo diz que a resposta “só depois do carnaval”.

O Coronel, atual presidente da Assembleia Legislativa, não perde a oportunidade de dizer que “o PSD tem que ter candidatura própria ao Palácio de Ondina”.

A candidatura a qual se refere o comandante do Parlamento é a do senador Otto Alencar, que é do mesmo partido do Coronel, o PSD.

O coronel, que tem um estilo muito parecido com o de Nilo, vai mais longe: “Não tendo candidato, quero ir para o senado”.

O imbróglio é que uma das vagas para o Senado da República – a outra é de Jaques Wagner – está sendo disputada por quatro pretendentes.

O governador Rui Costa, assim como fez sua opção por Fernando Gomes, em detrimento do médico Antônio Mangabeira, vai ter que decidir entre Nilo e o Coronel.

O prefeito soteropolitano, ACM Neto, sem dúvida o único oposicionista com condições de derrotar Rui, fica esperando o desenrolar do Nilo versus Coronel.

Continua acesa

Sou um fervoroso adepto do “lugar de ladrão é na cadeia”, expressão que simboliza a revolta do eleitor com a classe política.

E o ladrão aí diz respeito a todos, seja ele engravatado ou não, pobre ou rico, branco ou negro, detentor de cargo público ou não. Ladrão é ladrão.

Aliás, eu sempre dizia na campanha de Mangabeira, quando tive a honra de ser seu vice, que a prioridade era o combate à corrupção de maneira implacável. Tolerância zero.

Não posso é comungar com a opinião de que foi uma “mera coincidência” a condenação de Lula sair no momento que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania se reunia para analisar a admissibilidade ou não da denúncia contra o presidente Temer.

Como também não vou achar coincidência que as bombásticas delações de Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro sejam vazadas para a imprensa no dia que o plenário da Câmara for votar a decisão da CCJ.

Os Poderes da República, infelizmente, se afastaram do preceito constitucional de que são independentes e harmônicos entre si.

A politização das instituições, e às vezes descambando para o lado partidário, salta aos olhos.

Fala-se das imprescindíveis reformas – a Política, Tributária, Previdenciária, Trabalhista e outras – mas esquecem da do Judiciário.

Sempre vai existir essa desconfiança em relação à imparcialidade do Poder Judiciário enquanto não houver uma mudança na maneira de compor os membros dos Tribunais.

Ainda acredito em uma reviravolta que devolva ao povo brasileiro a autoestima, o sou brasileiro com muito orgulho. A esperança continua acesa.

Imbassahy, o desarticulador

Lembro agora de um comentário que fiz assim que o deputado Antônio Imbassahy assumiu a articulação política do presidente Temer.

A espinhosa missão não se encaixaria no perfil do tucano, que foi nomeado para o cargo mais por pressão política do que pela vontade do chefe do Executivo.

A bancada baiana governista, principalmente a do PSDB, exigiu que o lugar de Geddel fosse ocupado por um parlamentar do estado.

Essa mesma bancada começa a dizer que o ex-prefeito de Salvador é culpado por toda a desarticulação que toma conta do Palácio do Planalto.

Alega que Imbassahy não consegue convencer nem os próprios colegas de legenda a votar favorável a Temer na CCJ, se referindo a Jutahy Júnior e João Gualberto.

Além da incompetência para exercer tal função, tem o agravante de não contar com a confiança do presidente e dos seus ministros mais próximos.

Sentindo que o peso de Imbassahy pode fazer com que o barco afunde mais rápido, Temer passou a ser de fato o articulador-mor do moribundo governo.

O hoje e o ontem 

É incrível como o Rodrigo Maia de hoje lembra o Michel Temer de ontem e Dilma Rousseff de ontem o Michel Temer de hoje.

Quando surgiu a primeira conversa de que Temer estaria tramando contra Dilma, a presidente dizia que confiava no seu vice, que tudo não passava de uma invencionice, intriga da oposição para prejudicar a governabilidade.

Agora é Temer que diz acreditar em Maia, seu substituto imediato em caso de vacância da presidência: “Ele só me dá provas de lealdade, o tempo todo”.

Maia, por sua vez, não cansa de repetir que o disse-me-disse de que se articula com o PSDB para tomar o lugar de Temer é “pura especulação”. Temer dizia a mesma coisa.

Questionado sobre a possibilidade de assumir o comando do Palácio do Planalto, Maia é o Temer de ontem: “Não penso nessa hipótese”.

Maia já está em permanente contato com os agentes econômicos. Foi o que Temer fez quando percebeu que o impeachment de Dilma era irreversível.

O que mais lembra o ontem é o cinismo que toma conta do movediço e traiçoeiro mundo político. Causa náuseas, diria Rodrigo Janot, procurador-geral da República.

Outro caminho

O pecuarista Sérgio Gomes, filho do prefeito Fernando Gomes, ainda não sabe por qual partido vai concorrer para deputado estadual.

Questionado sobre a legenda, Sérgio aponta que seu caminho político pode ser diferente do pai, que aderiu ao petismo.

“Muito provavelmente será da base do governador Rui Costa”, diz Sérgio. Esse “provavelmente” é sinônimo de dúvida, de incerteza.

Sérgio, que disputa o apoio dos fernandistas com o também pré-candidato Rafael Moreira, vai atrás de um partido que possa elegê-lo com uma votação razoável, independente da ligação com ACM Neto ou Rui Costa.

Sabendo dessa indefinição de Sérgio, o articulador-mor do PT, Josias Gomes, já pensa em acomodar o filho do chefe do Executivo em uma legenda aliada.

Sérgio já foi vereador em Itabuna. Nos bastidores, o que se comenta é que uma eventual eleição para o Parlamento estadual pode alimentar o sonho de ser prefeito de Itabuna.

 

OBS: Chamada da primeira página: “Ainda acredito em uma reviravolta que devolva ao povo brasileiro a autoestima, o sou brasileiro com muito orgulho”.

OBS: Chamada interna: “Os Poderes da República se afastaram do preceito constitucional de que são independentes e harmônicos entre si”.

OBS: Fotos: Marcelo Nilo e Ângelo Coronel (Artigo Principal) e Sérgio Gomes (Artigo Outro caminho).

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