O DILEMA DE BOLSONARO


Lençol da maior autoridade do Poder Executivo é curto - diz Marco Wense


Ontem, segunda (3), fiz a seguinte chamada para o comentário de hoje: “Enquanto os bolsonaristas lúcidos entendem que a reeleição do presidente Bolsonaro está ficando cada vez mais complicada, os radicais e desinformados continuam achando que o “mito” ganha no primeiro turno”.

Foi um bafafá nas hostes do bolsonarismo. Disseram que eu estava maluco, que o segundo mandato é favas contadas. Só faltaram dizer que o chefe do Palácio do Planalto só precisa de “meio turno” para liquidar a fatura na primeira etapa eleitoral. Enfim, ficaram tiriricas da vida.

Ora, ora, quem está preocupado com a não reeleição de Bolsonaro é o próprio bolsonarismo. Um urgente conselho político, formado por ministros que são parlamentares licenciados, está sendo criado. Já há um consenso que se nada for feito, o segundo mandato consecutivo passa a ser um grande pesadelo.

A opinião de todos, portanto unânime, é que o presidente Jair Messias Bolsonaro precisa “sair da bolha”, falar para outros segmentos do eleitorado, não ficar refém dos chamados “bolsominions de raiz”, que não aceitam qualquer mudança de discurso, por menor que seja o desencaixe.

Com efeito, nesse quesito de intransigência, o bolsonarismo lembra o petismo de priscas eras, quando o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva era figura de destaque nas greves dos metalúrgicos. O “sapo barbudo” pernoitava na porta das fábricas.

O problema é como sair da bolha e não desagradar o bolsonarismo radical, que não aceita qualquer deslocamento de rumo. O lençol da maior autoridade do Poder Executivo é curto. Não consegue esconder a cabeça sem deixar os pés descobertos.

Esse é o dilema do presidente Bolsonaro: furar a bolha e perder a turma do “Deus no céu, Bolsonaro na terra”. O mais ilustre integrante do Movimento dos Sem Partido, o MSP, vive essa agonia do dia a dia.

Vale lembrar que além de um alto índice de rejeição, em empate técnico com o do ex-presidente Lula (PT), nessa disputa entre o antibolsonarismo e o antipetismo, Bolsonaro, em 2022, terá que enfrentar o que mais lhe assombra: os debates com os adversários.

E quando o assunto é debate entre os presidenciáveis, Bolsonaro e Lula lembram logo de Ciro Gomes (PDT), que é, disparado, o melhor nome para governar o Brasil do pós-pandemia.

PS – O bolsonarismo e o lulopetismo se parecem muito quando idolatram seus ídolos. Jair Messias Bolsonaro é “mito”. Luiz Inácio Lula da Silva, o “Deus Lula”. Os petistas religiosos, como acham errado misturar política com religião, descartam o “Deus Lula”. Começam a usar a expressão “mito da esquerda”.

Bom dia! Bom dia!