Mariana Benedito*
Quando estamos falando sobre o ego, é preciso, antes de qualquer coisa, delimitar conceitos, para que fiquem claras algumas sutis diferenças. Existe o sentido figurado do ego, que é aquele caracterizado como o excesso de adoração, consideração ou apreço por si mesmo; que, na verdade, traz grandes semelhanças com o egoísmo. Ouvimos muito que é necessário combater o ego, superar o ego; mas a que ego estamos nos referindo?
O termo ego foi designado por Sigmund Freud em 1923 e é um dos grandes pilares da teoria psicanalítica, porque é uma das três estruturas de nosso aparelho psíquico e é caracterizado como sendo o princípio de realidade. É o ego que faz o balanço entre os nossos desejos, vontades, anseios mais inconscientes com as regras, valores e leis que nos são passados e impostos; ele fica ali no meio, equilibrando, ponderando, nos proporcionando meios de satisfazer o que queremos de maneira socialmente aceita, correta e ética; controlando nossos impulsos inconscientes e a busca desenfreada pelo prazer, é como se o ego suprimisse e ponderasse as vontades inconscientes por medo dos castigos que, porventura, lhe sejam direcionados.
É no ego que ficam registradas as informações de quem somos, quem são nossos pais, de onde viemos, qual a nossa história. O ego é parte central da personalidade de qualquer pessoa, já que é o defensor e responsável por impedir que conteúdos inconscientes – que proporcionam dor e sofrimento – passem para a consciência e que sejam, consequentemente, lembrados com toda a carga emocional e traumática que carregam. É também no ego que está o conceito que temos de nós mesmos, daí retornamos àquelas frases que dizem que precisamos controlar nosso ego: já que a percepção que temos de nós mesmos é condicionada por experiências, coisas que nos foram ditas, crenças; até que ponto nós somos nós mesmos – por essência – ou somos produtos do meio? Você, leitor querido desta coluna, gosta de uma determinada cor porque realmente gosta ou porque lhe foi condicionado gostar?
Observar de que maneira o ego se manifesta, quais crenças, certezas e razões são tão enraizadas em nós, quais pontos positivos e, também, quais pontos negativos essas certezas nos trazem, quem somos por trás dessa personalidade que conhecemos; esses, sim, são caminhos de entendimento do ego.
Quais sombras temos, quais medos trazemos são verdadeiras portas para acessar como nosso ego foi constituído.
É só abrir!
- Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.E-mail: [email protected]