O RETORNO DO “JEITINHO BRASILEIRO”


As lideranças dos partidos que vão receber o novo filiado devem ficar atentos - diz Wense


Quem quer mudar de legenda, aproveitando a chamada “janela partidária”, que permite o troca-troca sem sofrer ameaça de punição por infidelidade, já começa a pensar em qual sigla irá arriar sua mala.

As lideranças dos partidos que vão receber o novo filiado devem ficar atentos para o “se conhece o homem pelo arriar da mala”, um velho ditado popular dos tempos dos meus saudosos vovô Edgar e vovó Nair.

A tal da janela é mais um jeitinho brasileiro de driblar o que já foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário, que decidiu que o mandato parlamentar pertence ao partido e não ao candidato que foi eleito.

Quem pretende mudar de abrigo político deve ficar atento não só ao prazo da janela, que vai de 3 de março a 1 de abril, como ao andamento das federações partidárias, que vão obrigar as legendas a ficarem juntos durante quatro anos, o que termina dando um poder maior ao partido do governador eleito na eleição de 2022.

Vejamos, como um exemplo bem didático, a federação envolvendo o PT, PCdoB, PSB e PV. Se o petista Jaques Wagner for o próximo chefe e morador mais ilustre do Palácio de Ondina, o candidato da federação a prefeito de Itabuna, na sucessão de 2024, tende a ser do PT.

Comunistas, socialistas e a turma do verde terão que abortar seus prefeituráveis, ficando à reboque do lulopetismo. Serão coadjuvantes no processo sucessório municipal. Vão disputar a indicação do vice na chapa majoritária encabeçada por um nome indicado pelo PT.

Portanto, o melhor conselho para quem quer mudar de partido é buscar informações sobre o mais novo jeitinho brasileiro : as tais das federações.

A federação partidária vai acabar de enterrar os partidos. É mais um lamaçal no sistema eleitoral, uma gigantesca e inominável tapeação com o objetivo de atender os interesses da classe política. Que se dane o eleitor, que só serve para ser obrigado a votar.

E assim caminha a política brasileira, fazendo do cidadão e da cidadã meros coadjuvantes do processo eleitor.