Quais as principais consequências do indiciamento de Jaques Wagner, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, pela Polícia Federal?
A primeira dedução atinge o plano B do PT. Wagner não é mais o substituto de Lula se o ex-presidente ficar inelegível na sucessão do Palácio do Planalto.
Outra seria em relação ao governador Rui Costa: a Operação Cartão Vermelho vai provocar algum abalo na reeleição do chefe do Executivo?
As próximas pesquisas de intenção de votos vão dizer se a denúncia contra Wagner provocou algum estrago na campanha para o segundo mandato de Rui Costa.
Para muitos petistas, o melhor caminho para o ex-governador seria uma candidatura a deputado federal, deixando de lado a disputa pelo Senado da República.
Além de ter uma eleição certa, garantindo o tão imprescindível foro privilegiado, abriria uma vaga na chapa majoritária, evitando assim um racha na base aliada.
E, por último, a pertinente pergunta: o prefeito ACM Neto, do Partido Democratas, ficou mais entusiasmado para concorrer ao governo da Bahia?
O que mais preocupa o PT é o desenrolar da investigação. Ou seja, se algum dinheiro de caixa 2 foi usado na campanha de Rui Costa na eleição de 2014.
Por enquanto, o DEM pode comemorar, mas tem que torcer para que o ex-ministro Geddel não envolva o alcaide soteropolitano na sua delação.
É bom lembrar que os irmãos Vieira Lima – Geddel e o deputado federal Lúcio – não andam muito satisfeitos com o netismo, que já descartou qualquer coligação com o MDB.
Aliás, Geddel e Lúcio, depois daquele “banker” de R$ 51 milhões, viraram “patinhos feios” da política baiana. Em priscas eras eram paparicados, cortejados e até endeusados.
Não se pode esquecer que Geddel foi ministro de Lula, vice-presidente da CEF no governo Dilma Rousseff e tinha um bom relacionamento com a cúpula do PT baiano.
Geddel tem confessado para pessoas mais próximas que pode girar sua metralhadora para todos os lados, atingindo políticos do PT, PSDB, DEM e do MDB, sua legenda.
A disputa pelo poder virou uma sujeira. Os políticos que não estão chafurdados na fétida lama são uma minoria quase que imperceptível diante de um Congresso abarrotado de adeptos do toma-lá-dá-cá.
Até que ponto chegamos! Só falta agora o político dizer que merece ser eleito porque é menos ladrão, gatuno e ratoneiro do que seu adversário.
Como não existe um aparelho para medir quem é mais corrupto, que seria chamado de “corruptômetro”, fica um dizendo que é menos larápio do que o outro.
Que coisa, hein!? Não à toa que a esperança em uma classe política decente, digna, é cada vez mais utópica. E o pior é que os homens de bem vão se afastando da política como o diabo da cruz.
A criatura Rui Costa vem fazendo de tudo para se mostrar solidário ao seu criador político, responsável direto pela sua eleição ao governo da Bahia.
Rui Costa disse que a Operação Cartão Vermelho foi uma “grande armação para tentar influenciar as eleições”, comparando a atuação da PF à Gestapo, polícia política que atuou no regime nazista da Alemanha.
Em conversas reservadas, entre correligionários mais próximos do governador, já existe uma preocupação com o efeito da Operação Cartão Vermelho na reeleição do chefe do Executivo.
Alguns deles acham que Rui, na medida do possível, deve evitar uma aproximação física com o ex-mandatário. Temem uma contaminação pelas graves acusações contra o companheiro.
Oposicionistas são da opinião de que o desenrolar da operação da Polícia Federal pode transformar Wagner em uma espécie de Geddel.
A oposição faz seu papel. Mas não se pode comparar a situação política de Wagner com a do emedebista. Um se elege facilmente deputado federal, o outro nem a vereador.
Essa eleição de 2018, em todo o país, vai ser marcada por uma avalanche de recíprocas denúncias de corrupção contra os adversários.
Como a maioria dos pré-candidatos tem telhado de vidro, quem tiver uma pedra maior e uma pontaria mais eficiente vai terminar sendo o vitorioso.
E assim caminha a política, cada vez mais chafurdada no lamaçal.