Quem vai ser o primeiro a pedir desculpas ao povo brasileiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o atual Jair Messias Bolsonaro?
Abrindo um parêntese, existem mais duas desculpas, mas de caráter pessoal, de fórum íntimo, subjetivas. Não tem à abrangência das duas do parágrafo acima. Me refiro a de Gilmar Mendes, magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF), e a de Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.
A desculpa de Mendes é exigida pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente da República. O ministro da mais Alta Corte do Poder Judiciário andou dizendo que “o Exército, ao ocupar cargos técnicos no Ministério da Saúde em meio à crise do novo coronavírus, está se associando a um genocídio”. Mourão não gostou. Quer que o polêmico Gilmar peça desculpa. Vale lembrar que caminhamos a passos largos para 2,5 milhões de infectados e 100 mil mortes.
No tocante ao ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu a imprescindível Operação Lava Jato, o pedido de desculpa é para ele mesmo, deve ser feito diante do espelho. O arrependimento de largar uma exitosa carreira jurídica para se enfronhar no movediço e traiçoeiro mundo da política é sua amargura do dia a dia. Agora, como diz a sabedoria popular, a Inês é morta, o leite já foi derramado. Com efeito, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que Moro aceitou o convite de Bolsonaro de olho na indicação para o STF.
E Lula, hoje inelegível por força da Lei da Ficha Limpa? O petista-mor não quer nem ouvir falar em pedir desculpas pelos escândalos nos governos do PT, mais especificamente em relação aos dois que rimam: mensalão e petrolão. Como não bastasse, o ex-mandatário do país continua dizendo que não sabia de nada. Governou o Brasil por duas vezes e não enxergou nem uma pontinha de corrupção. Teima em acreditar que seus dois mandatos como presidente da República foi exemplo de lisura e respeito com o dinheiro público.
E o Bolsonaro? Deve um pedido de desculpa por ter dito que o novo coronavírus não passava de uma “gripezinha”, o que fez aumentar a falta de cuidado de milhares de brasileiros diante do cruel e devastador vírus. O presidente desdenhou, debochou de uma crise sanitária que se espalhava pelo mundo de maneira acentuada. Se sua posição fosse outra, muitas vidas humanas estariam salvas. Não à toa que grande parte das Forças Armadas está preocupada com esse montante de generais no governo, principalmente no Ministério da Saúde. O receio é que o desastre no controle da crise sanitária termine respingando na imagem da honrosa instituição.
No mais, para concluir, digo para Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva que pedir desculpa é um ato de grandeza.