Convidada pela diretoria de Turismo da FICC (Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania), a professora Santina Gonçalves trabalha na elaboração de um plano capaz de apresentar as potencialidades do destino Itabuna – e colocar o resultado à disposição daqueles que visitem a cidade. “Nosso propósito no plano é que Itabuna construa um produto já conhecido mercadologicamente aqui, mas que ainda não é referenciado como produto turístico”, comentou.
Mestre em Cultura e Turismo, ela relatou ao Diário Bahia que tal plano, a ser concluído em 12 meses, foi crucial para a recente classificação da cidade na categoria B na plataforma do Mapa de Turismo do Brasil. “Trabalhei muito pra isso, mas pra mim foi uma surpresa maravilhosa. Para alcançar esse nível, a cidade tem que ter uma rede hoteleira básica, empresa de turismo, transporte, equipamentos de turismo; seria uma melhor pontuação se tivéssemos um aeroporto funcionando”, analisou, frisando os nomes do diretor Ari Rodrigues e do presidente da Fundação, Daniel Leão, como entusiastas da causa.
Ela adiantou qual será o foco do trabalho, que receberá proposições da sociedade e será votado em audiências públicas. “Vamos lançar um Turismo de Saúde em Itabuna. Para a OMT (Organização Mundial do Turismo), o turismo é uma atividade econômica; quando vem fazer qualquer coisa de saúde, a pessoa tem a estadia provável – já conhecida mundo afora – de 21 dias. Isso pra qualquer hoteleiro é fantástico”, sinalizou.
Segundo Santina, um dos primeiros passos é reunir propostas e, em seguida, captar recursos. Depois, fazer projetos e programas. “Um diagnóstico levanta o que se tem e o que as pessoas entendem como valoroso. Em seguida, é feito um prognóstico para ver como serão conduzidas as propostas. Por exemplo, temos que fazer roteiros”, detalhou.
À mão do visitante
O intuito, explicou Santina, é oferecer instrumentos para guiar a pessoa que chegue a Itabuna. Assim, serão identificados lugares a serem geoprocessados, para mostrá-los ao visitante que entrar na cidade. Só nessa etapa vão cinco profissionais. São 12 fases, sendo que algumas ocorrerão concomitantemente. O georreferenciamento será, em seguida, jogado num processo de TI (Tecnologia da Informação). “Isso é o que há de mais moderno no mundo. É um plano que vai pra a rua; é uma situação real e sustentável”, afirma animada, a profissional, com mais de 20 anos de experiência na atividade.
Vale dizer que a entrevista foi concedida no Barcollando, bar localizado no bairro Conceição, cuja decoração rememora objetos, imagens e lugares de diferentes épocas. Encantada, acompanhada pela presidente do Conselho de Turismo, Eva Lima, a professora mencionou aquele como um dos atrativos para quem busca entretenimento no município.
Para ela, é possível fazer uma analogia bastante didática envolvendo o tema e a necessidade de novas vertentes capazes de alavancar o turismo em Itabuna. “O turismo é como se fosse uma roupa que você pendura na vitrine de uma loja. Você não pode deixar que fique muito tempo a mesma roupa; tem que sofrer modificações, tem que se renovar”, argumentou.
Para ficar
Santina Gonçalves também foi questionada se o intuito é que o Plano de Turismo seja algo para além de uma ação de governo. E ela rapidamente refutou essa possibilidade. “Não é um plano para o governo; é para a população e para os empresários. O poder público tem que dar os instrumentos para que a sociedade se desenvolva economicamente. Não é papel do governo encher quarto de hotel nem mesa de restaurante; quem tem que fazer isso é a atividade sozinha; o próprio turismo tem mecanismo pra isso. Tem operadores que vendem o destino”, justificou.
Ela assegurou, ainda, que a ideia de um Plano de Turismo com vetor para Saúde foi considerada inovadora por técnicos do Ministério – em reunião anterior à nova classificação, ocorrida em Salvador. “Com o plano instalado, operadores vendendo, nunca mais para. Mundo afora, ele se vira sozinho”, assinalou.