POLÍTICA ESTADUAL: AZEVEDO E A SUPLÊNCIA


O articulista Marco Wense comenta o atual momento político nacional e estadual


Quem anda esperançoso em conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados é o capitão Azevedo, ex-prefeito de Itabuna. O PDT quer eleger três para o Parlamento federal : Leo Prates, Félix Júnior e José Carlos Araújo. Um deles, em caso de vitória de ACM Neto (UB) na sucessão do governador Rui Costa (PT), vai ser convidado para assumir um cargo de primeiro escalão, obviamente uma secretaria. O que se comenta nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que existe um acordo entre Neto e Azevedo. Se o ex-gestor soteropolitano sair vitorioso no pleito, um dos eleitos será secretário para que Azevedo, se for o primeiro suplente, assuma a vaga. O capitão vai ter uma boa votação em Itabuna. Mas fora do seu principal reduto eleitoral é a grande dúvida. Sendo deputado federal, passa a ser um forte prefeiturável na sucessão de 2024.

APARECEU A “MARGARIDA

A Margarida do título não é aquela pessoa que passou muito tempo ausente e aparece de surpresa, do “olê, olê, olá, apareceu a Margarida”. A Margarida do comentário de hoje é a corrupção no governo Bolsonaro. O engraçado fica por conta de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, figura de destaque do chamado centrão e comandante-mor do PP, que quando questionado sobre as “Margaridas” na gestão bolsonariana, mais especificamente no MEC, diz, sem nenhum tipo de constrangimento, no maior cinismo do mundo, que “não houve corrupção”, que a corrupção foi “virtual”. Tenha santa paciência ! Até barras de ouro foram negociadas. O discurso da anticorrupção, que ajudou a eleger o então candidato Jair Messias Bolsonaro, foi enterrado. Com efeito, o tema “Margarida” não vai aparecer no horário eleitoral do PL e, muito menos, do PT. Nesse ponto, o lulismo e bolsonarismo estão em comum acordo, de mãos dadas, já que seus telhados são de vidro. A estratégia das duas correntes políticas é a mesma : manter a polarização viva.

PÁGINA VIRADA

O alcaide de Itabuna Augusto Castro, do PSD do senador Otto Alencar, vem tratando o rompimento político com o vice-prefeito Enderson Guinho (União Brasil) como uma página virada. Tem confessado para correligionários mais próximos que sua preocupação é com a gestão, que não vai dar corda para a “politicagem”. O pega-pega entre o chefe do Executivo e seu substituto imediato era só uma questão de tempo. Um vice como prefeiturável, tendo o prefeito como postulante a um segundo mandato (reeleição), é o mesmo que colocar uma raposa para tomar conta do galinheiro.

LULA VERSUS BOLSONARO

O besteirol continua a todo vapor. É taxado de “comunista” quem critica Bolsonaro e de “fascista” quem fala qualquer coisa contra Lula e o PT. E assim a polarização vai se alimentando.

Ó BVIO ULULANTE

Levitsky, autor de *Como as Democracias Morrem*, disse ontem, sexta, 22, em entrevista ao Estadão, que “há risco real de autogolpe no Brasil”. Coluna Wense, 19 de Julho : “Bertolt Brecht dizia que “o maior analfabeto é o analfabeto político”. O maior cego é aquele que não enxerga os preparativos, o passo a passo do presidente Bolsonaro para um golpe”.

DEFESA DA DEMOCRACIA

Se o presidente Bolsonaro continuar atacando as urnas eletrônicas, sem apresentar sequer uma prova, vai terminar ficando isolado. Bolsonaristas, pelo menos os lúcidos, já começam a achar que o líder está passando do limite do aceitável, que o tiro pode sair pela culatra. Um novo manifesto de empresários, reafirmando o compromisso com a democracia, defendendo o sistema eleitoral, pode sair a qualquer momento.