SALVE-SE QUEM PUDER


O "cavalo" menos esperto, diz Wense, consegue dar beliscão em azulejo


O “salva-se quem puder” que intitula o editorial é do deputado federal Marcelo Nilo (PSB), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado quando exercia a função de parlamentar estadual.

A declaração de Nilo foi direcionada para o governador Rui Costa (PT), que parece acomodado diante da sucessão municipal, não só em Salvador como no interior. “Os partidos da base estão se digladiando por falta de alguém capaz de coordenar o processo eleitoral”, desabafa Nilo. Vale lembrar que o fato de ser coordenador da bancada federal na Câmara dos Deputados respaldou sua posição diante da falta de articulação política do governo.

Outro ponto é que a secretaria de Relações Institucionais, que tem a precípua função de fortalecer a base de sustentação política do governo, se encontra sem titular há muito tempo. Sem dúvida, a prova inconteste de que Rui Costa não anda preocupado com a disputa das prefeituras. Para muitos correligionários, o petista-mor da Bahia está certo, já que a prioridade deve ser combater o novo coronavírus, evitando assim que a vida das pessoas seja ceifada pela covid-19.

Gente próxima do morador mais ilustre do Palácio de Ondina quer o senador Jaques Wagner coordenando o processo sucessório. A unânime opinião é de que o ex-governador pode evitar um desastre maior e arrefecer o favoritismo de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia em 2022, principalmente se Bruno Reis não liquidar a fatura da sucessão soteropolitana logo no primeiro turno.

A impressão que fica é que Rui Costa não quer Wagner na frente das conversas com as legendas aliadas, como porta-voz de eventuais acordos. O relacionamento entre o criador e a criatura, obviamente no campo político, não é mais o mesmo. Há até comentários nos bastidores de que Rui pode deixar o PT depois das eleições municipais.

Os conflitos na base aliada, com os partidos de olho em 2022, mais especificamente na cadeira de Rui Costa, caminham para uma difícil solução. O PP do vice-governador João Leão e o PSD do senador Otto Alencar vão disputar o cargo máximo do Poder Executivo. O PT quer continuar dando as cartas do jogo. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o lulopetismo não abre mão de Wagner como candidato.

Como exemplo do tamanho do imbróglio, vamos citar Itabuna. Ora, o PT de Geraldo Simões vai apoiar o PSD de Augusto Castro e vice-versa, sabendo que Wagner e Otto vão ser adversários em 2022?

Como não bastassem os olhos de coruja em direção ao cobiçado Palácio de Ondina, tem no meio a sucessão presidencial. O exemplo mais simbólico é em Salvador, envolvendo o PT e PDT. A possibilidade de um acordo entre as duas siglas é zero. O Partido Democrático Trabalhista sabe que o lulopetismo prefere Bolsonaro reeleito do que Ciro presidente da República.

Pelo andar da carruagem, com os “cavalos” cada vez mais indomáveis, o salve-se quem puder vai ficar mais intenso. A vida passa a ser de murici, cada qual cuidando de si, capinando seu próprio quintal.

Nesse pega-pega, nessa busca desenfreada pelo poder, assentada no maquiavelismo, não há espaços para os “pangarés”. O “cavalo” menos esperto consegue dar beliscão em azulejo.