Sessão em Itabuna debate caminho antirracista nas escolas


Professores compartilham reflexões sobre combate à discriminação racial


Uma noite para troca de experiências por uma realidade livre do racismo (Fotos: Pedro Augusto)

 A forma como as políticas públicas antirracistas estão chegando à rede municipal de Itabuna integrou um amplo debate na noite de segunda-feira (21), com o tema “Educando pela resistência: Práticas e saberes no chão da escola”. Na sessão especial, presidida pela vereadora Wilma de Oliveira (PCdoB), professores trouxeram o percurso para colocar em prática dispositivos como a Lei 10.639/2003.

“Esse tema foi uma provocação, pra a gente saber como está sendo tratada a lei que é uma conquista do movimento negro. Precisamos fazer essa fiscalização, pra que o município atue nessa frente, cumprindo a legislação. Pra que esse debate seja cotidiano nas escolas, que também prepare nossos professores, pra que eles façam essa abordagem do negro numa perspectiva mais positiva”, comentou Wilma.

Analisando a aplicação da lei desde 2004, a professora Larissa Pereira lembrou que a cidade avança em algumas gestões e recua em outras. “Em 2017, fazíamos um diagnóstico com os professores da rede e grande parte dizia que reconhecia o racismo na sociedade, mas não sabia como lidar em sala de aula. De 2003 a 2022, pensamos no quanto nós andamos e no quanto precisamos andar”, afirmou.

Reflexão e homenagens

Já a professora Maria Domingas Matheus, fez uma retrospectiva de como avançaran instâncias como o Movimento Negro Unificado. Além da narrativa histórica, ela reforçou a importância da literatura negra. E trouxe versos de Valdelice Pinheiro (“Um dia eu nasci na África, mas me roubaram da África e roubaram a África de mim”) e Lazo Matumbi (No dia 14 de maio, eu saí por aí/ Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir/ Levando a senzala na alma, subi a favela)”.

Em nome do Conselho Municipal de Educação, Hustana Matos lembrou a aprovação de diretrizes curriculares municipais para relações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena na rede pública e nas escolas da rede privada da educação infantil. “Entre as atribuições do Conselho, observar o cumprimento dessas diretrizes nas escolas”, pontuou.

A sessão foi concluída com homenagens a profissionais que labutam por uma educação antirracista: as professoras Adriana Barreto Vilas-Boas, Larissa Santos Pereira e ao PreAfro (Pré-universitário para Afrodescendentes), fundado por Egnaldo França. Aquele curso, aberto em 2005, contribuiu para o ingresso de mais de 500 jovens no ensino superior. “O PreAfro está furando a bolha do sistema”, vibrou Egnaldo.