A evidência do momento, quem mais se destaca nas discussões sobre à sucessão estadual, tanto de um lado como do outro, governismo e oposição, é João Leão, vice-governador e dirigente-mor do PP baiano.
A preocupação com Leão tende a aumentar com a proximidade do pleito de 2022. O dilema fica cada vez mais intenso à medida que o vice não dá nenhuma pista ou indício de qual caminho pretende seguir. Se antes fazia alguma crítica a ACM Neto (DEM), hoje o silêncio passa a ser estratégico, já que uma composição com o ex-gestor soteropolitano, antes considerada difícil, não pode ser descartada.
Com efeito, o único ponto da disputa pelo Palácio de Ondina que não é questionado, dado como favas contadas, 2+2=4, são as candidaturas do senador Jaques Wagner (PT) e de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia. As outras duas vagas na composição da majoritária, a de vice e senador, giram em torno de especulações e disse-me-disse.
João Leão é a bola da vez porque é quem vem travando o andamento dos acordos. O grupo de Neto tem esperança de tê-lo como aliado. Reserva a vaga de senador para quem ele indicar. O de Wagner não confia em Leão no comando do governo do Estado em uma eventual desincompatibilização de Rui Costa para disputar o Senado da República.
João Leão vai passar seis meses como governador, com a caneta na mão. O lulismo, sob a batuta do ex-presidente Lula, teme que a tinta da esferográfica não seja vermelha. Outro detalhe, que não pode passar despercebido, é que o PP, sob o comando do vice-governador, tem 100 prefeitos e 766 vereadores.
Vale lembrar que o PP é a principal sigla do Centrão, hoje aliado do presidente Bolsonaro, que se encontra refém do toma lá, dá cá. O Centrão consegue o que quer porque intimida o chefe do Executivo com o impeachment. O presidente da Câmara dos Deputados, o progressista Arthur Lira, já sugeriu usar “remédio amargo” se o governo seguir errando. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que “remédio amargo” é o afastamento de Bolsonaro. Já são totalizados 116 pedidos de impeachment, 66 na então gestão de Rodrigo Maia e 50 na atual presidência da Casa Legislativa.
Nos bastidores do pepismo, a opinião de que Rui Costa será candidato ao Senado da República é unânime. Na Convenção Nacional dos Progressistas, realizada de forma remota na última quinta-feira (22), para definir o novo Diretório e a Comissão Executiva, João Leão foi saudado pelos convencionais como “o futuro governador da Bahia”.
Leão foi o destaque da convenção. Ciro Nogueira, reeleito presidente nacional da sigla, o escolheu para saudar os convencionais. O Leão político lembrou o leão rei da selva.
Essa desconfiança do PT em João Leão, com a grande maioria dos petistas achando que o hoje aliado pode ser um poderoso adversário amanhã, é que faz o ex-presidente Lula pressionar Rui Costa para que fique no Palácio de Ondina até o último dia de governo.
João Leão é a bola da vez. O netismo e o lulismo sabem da importância do PP na sucessão estadual.
PS – Aqui do sul da Bahia, o nome mais cotado para assumir uma secretaria em um eventual governo João Leão, é o do ex-prefeito de Ilhéus Jabes Ribeiro, atual secretário estadual do PP.