O assassinato do estilista Mar Ramos, encontrado no quarto na manhã desta quarta-feira, chocou toda a população de Itabuna e região, mas principalmente as clientes que vestia. A psicóloga Josinha Albuquerque usou pela primeira vez um vestido desenhado e costurado por ele, para ir à luxuosa festa da revista Bellas. “Quando eu o conheci, fiquei encantada automaticamente. Ele tinha um carisma fantástico, via a alma da gente”, define.
Mar era de Pau Brasil, mas morava em Itabuna há cerca de 20 anos. Nesse período, como consultor e produtor de moda, vestiu personalidades da região, mulheres que gostam de glamour e badalação. Criativo, montava looks personalizados, seguindo as principais tendências mundiais.
Dedicação e amor
O ateliê era na própria casa do estilista, no centro de Itabuna, onde ele morava sozinho. Para todos que o procuravam em busca do traje dos sonhos, ele recomendava: uma pessoa está bem vestida quando escolhe a roupa de acordo com a ocasião. “Sem exageros, assim se torna elegante”.
Mar Ramos também se tornou especialista em desenhar vestidos para noivas, formandas e debutantes. Perguntado por uma equipe do anuário Delux sobre como ele definia o trabalho que realizava, afirmou, em 2016: “Uma trajetória conquistada com muito trabalho e dedicação, aprendendo um pouco a cada dia, com tudo e com todos. Uma palavra que define meu trabalho: AMOR – pois sem amor nada é construído”.
O crime
O corpo do estilista foi encontrado por uma funcionária e um inquilino, pois ele tinha quitinetes nos fundos da casa onde morava. A polícia técnica levou para perícia por volta de 10h30min da manhã. Havia lesões principalmente na área da face e da cabeça; ferimentos nas mãos indicam que ele tentou defender-se do assassino.
Ao lado da cama, havia uma pá suja de sangue, também levada para perícia, porque tentarão encontrar impressões digitais. Só se sabe até o momento que um rapaz dormiu na casa do costureiro e depois não foi mais visto. Da residência foram levados a carteira com documentos, dinheiro e o celular da vítima. Já tentaram, inclusive, utilizar o cartão de crédito, mas este foi imediatamente bloqueado.
“Vai deixar uma lacuna como profissional e como ser humano. Perde a família, perde a sociedade. Dá saudade, porque era um profissional que se destacou na cidade e na região, e também indignação com essa violência que Itabuna está passando”, afirma Itamar Santos (Zezé), do grupo Humanus.