
* Marco Wense
O que passa pela cabeça do ex-prefeito Claudevane Leite e de Vane do Renascer, em que pese ser portadores do mesmo CPF, depois que o TCM negou o pedido de reconsideração das contas rejeitadas do ano de 2015?
O Vane do Renascer, como bom evangélico, homem de orações, vai perdoar a todos, assumindo a culpa sozinho e se virar para devolver aos cofres públicos R$ 740 mil?
E o Claudevane Leite, ex-prefeito de Itabuna, como irá se comportar? Vai ficar calado como se fosse o único responsável, pagando todo o ônus da decisão do Tribunal de Contas dos Municípios?
Que Deus ilumine as cabeças dos “dois” Vanes, o Vane do Renascer e o Claudevane Leite, ex-chefe do Executivo.
Correligionários mais próximos, assentados no ditado popular de que “quem cala consente”, são da opinião de que o ex-alcaide se defenda, que esqueça o Vane do Renascer e seja o político Claudevane Moreira Leite.
Pelo andar da carruagem, o ex-gestor parece que vai seguir o mesmo “ritual” dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e do atual Michel Temer. Ou seja, dizer que não sabia de nada.
Nesse ponto, Lula, Dilma, Temer e Claudevane têm tudo a ver.
Herman, TSE e o Brasil

O relator no Tribunal Superior Eleitoral do processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, ministro Herman Benjamin, deu uma boa entrevista no UOL Notícias.
Ao ser questionado se alguma alteração poderia acontecer em decorrência da substituição de dois ministros pelo presidente Michel Temer, Benjamin respondeu: “Sinceramente, não sei”.
Se o país estivesse vivendo a plenitude do Estado democrático de direito, com um Congresso Nacional digno de respeito, com os Poderes da República independentes e harmônicos entre si, como preceitua o artigo 2 da Constituição, a resposta do ministro seria outra.
Esse “não sei” do relator é a prova inconteste de que está tudo pelo avesso, que a ingerência política e o toma-lá-dá-cá são mais fortes do que o rigor da lei.
O jornalista, escritor e cineasta Fernando Sabino tinha razão quando dizia que “para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei. Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica”.
O PT e as eleições de 2018
Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o Partido dos Trabalhadores não vive um bom momento. E a prova inconteste foi o desempenho da legenda na última sucessão municipal.
O que mantém o PT respirando são pontos específicos: 1) o favoritismo de Lula nas pesquisas de intenções de votos. 2) o desempenho de alguns governantes, como o de Rui Costa na Bahia.
Outro detalhe que faz o petismo sair da dispneia, respirando com menos dificuldade, sem precisar de aparelhos, é que a oposição também está chafurdada na lama, principalmente no âmbito da Operação Lava Jato.
O PT tem que correr atrás da difícil tarefa de reconquistar a confiança do eleitorado, tomando decisões que são imprescindíveis, como, por exemplo, a proibição de se coligar, fazer conchavos e arranjos eleitorais com o PSDB, DEM e o PMDB.
Mas o que se observa são pré-candidatos do partido, seja para governador, senador, deputado federal e estadual, de namorico com tucanos, demistas e peemedebistas.
Ou o PT se conserta ou vai sucumbir de vez.
Que a Justiça faça justiça
Sou um entusiasmado defensor de qualquer investigação para apurar quem cometeu delitos. E quando diz respeito à coisa pública, envolvendo os políticos, os “homens públicos”, a satisfação é dobrada.
O que é inaceitável é “dois pesos, duas medidas”, que além de ser um acinte ao Estado democrático de direito, é uma grave insubordinação ao princípio constitucional de que “todos são iguais perante a lei”.
Não se pode admitir é a criação de categorias que pressupõem a quebra da imprescindível imparcialidade da Justiça, motivando o insurgimento contra a ordem estabelecida.
Além dos vazamentos seletivos, dois novos grupos aparecem: o caixa 2 do bem e o caixa 2 do mal. Caixa dois do bem deve ser dinheiro doado para os orfanatos. O do mal para os bolsos dos políticos. Chega a ser engraçado.
Com efeito, Yves Mamou, ex-diretor do Le Monde, tem razão quando diz que “o vazamento de informações está para a democracia assim como a tortura está para a ditadura”.
Que a Justiça não tome outro rumo que não seja o de fazer justiça.
Continuam tapeando
Seguem abaixo alguns trechos do comentário da Coluna Wense sobre a reforma política, em 23 de fevereiro de 2011, neste Diário. Lá se vão mais de seis anos.
“Depois de um bom tempo esquecida, a discussão sobre a necessária reforma política vem à tona. Sempre é assim: a coitadinha é deixada de lado e depois aparece.”
“Discordo em relação a tal da lista fechada, já que outros pontos merecem mais atenção: o voto distrital, o aperfeiçoamento do instituto da fidelidade partidária e outras medidas contra a prostituição eleitoral.”
“A lista pré-ordenada, se aprovada de acordo com o andar da carruagem, vai inibir o surgimento de novas lideranças políticas, já que os donos dos partidos serão os primeiros da fila.”
“A defesa da lista partidária deve ser assentada em fortes e convincentes argumentos, sob pena dos parlamentares ficarem com a pecha de exterminadores de novas lideranças.”
“A prostituição eleitoral, assentada no vergonhoso toma-lá-dá-cá, na compra de votos e no escancarado fisiologismo, deve ser incinerada, extirpada do mundo política para não contaminar outras instituições da sociedade.”
“Partido político não pode ser instrumento para satisfazer projetos pessoais de políticos inescrupulosos.”
Conclusão: o que escrevi há mais de seis anos serve para hoje. Nunca levaram a sério a reforma política. Pura tapeação. Os senhores parlamentares, com algumas e honrosas exceções, continuam brincando com o eleitorado brasileiro, com o eleitor-cidadão-contribuinte.