Vigilantes em greve reclamam de baixos salários e até de fardamentos velhos



Edvaldo Santos Rosa, presidente do Sindicato dos Vigilantes em Itabuna e região

Por Celina Santos

 

Vigilantes que atuam na Bahia iniciaram quarta-feira (23) uma greve por tempo indeterminado, sete meses após a entrega da pauta de reivindicações da categoria e sem registrar avanços nas negociações com o segmento patronal. Entre as bandeiras, que sejam asseguradas vagas para um porcentual de mulheres na área e piso salarial de R$ 1.500,00 (hoje é R$ 1.002,00). Fora a campanha, daqui por diante, valerão os seguintes pré-requisitos para exercer a profissão: ter um mínimo de 21 anos e cursado ensino fundamental completo, além de não possuir antecedentes criminais. Na entrevista a seguir, o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Itabuna e região, Edvaldo Santos Rosa, abordou questões que vão além do pagamento pelo serviço – ele representa um universo de 700 trabalhadores.

 

O que avançou desde que foi apresentada a pauta da campanha salarial dos vigilantes?

Não avançou nada, porque a única proposta que os patrões apresentaram foi um por cento de aumento e reduzir conquistas da nossa convenção coletiva [a categoria reivindica reposição de 100% do INPC, mais 10% de ganho real]. Algumas delas já estão inseridas nesse processo do governo. Por exemplo, a multa do FGTS de 40% para 20%, acabar com a escala 12 por 36 horas. Hoje nós temos duas escalas: colégio, indústria, fábrica, é 12 por 36 horas; banco nós temos a escala administrativa, de segunda a sexta, sendo oito horas e 48 minutos por dia.

Com relação ao piso salarial, o que está sendo oferecido?

Justamente. Um por cento no piso e nas outras cláusulas econômicas. Além disso, nós temos “boa permanência”, que hoje é 8,5%; é uma gratificação para o trabalhador que não falta ao trabalho durante 90 dias.

Os vigilantes estão nos locais para oferecer segurança a quem os frequenta. Mas que tipo de segurança é oferecida a esses profissionais?

Na realidade, as empresas mostram prestar serviço de segurança para a sociedade de modo geral. Mas não prestam esse serviço a vidas humanas, porque morre um vigilante hoje e manhã já tem outro no local. Às vezes, as famílias dos trabalhadores ficam desassistidas; precisa o sindicato intervir para que o processo seja cumprido. Às vezes, a empresa não fornece fardamento como manda a convenção coletiva. O vigilante tem que ter fardamento de seis em seis meses, a empresa fica um ano, dois; ele fica com uniforme rasgado, com o revólver calibre 32, 38…

Como é o treinamento que os vigilantes recebem para manusear armas?

Temos a disciplina ‘Armamento e Tiro’, que ensina a montar armamentos, como usar arma na hora necessária e outras coisas.

Geralmente, o serviço de vigilância é prestado por empresas terceirizadas, não é?

São empresas terceirizadas, que prestam serviço a órgãos do governo estadual, federal, em repartições privadas e públicas.

Falando da região sul da Bahia, que dados vocês têm sobre violência contra vigilantes?

Já tivemos assaltos, vigilantes sendo processados por clientes porque estavam cumprindo sua função, e outras anormalidades. A nível de estado, também já aconteceu. Vigilante morto dentro da sua atividade, em posto de serviço.