Vítimas estrangeiras deixam recados em página da D9; “clube” já havia sido notícia em mídia internacional



Na página da “D9 Clube de Empreendedores”, na rede social Facebook, algumas pessoas que dizem ter investido no negócio buscam informações sobre o que teria ocorrido. É possível notar que os internautas são de diferentes países e recados em diversas línguas são deixados na página.

Nas mensagens deixadas nas publicações da D9, as supostas vítimas demonstraram aborrecimento, reclamam da falta de pagamentos, e até buscam respostas para o quê teria ocorrido. Um homem relata em espanhol: “Esta suposta empresa enganou 30 mil pessoas no Paraguai. Também há vítimas na Bolívia e no Brasil”. Em italiano, uma pessoa ordena: “Ladrões, paguem o débito”.

Centenas de ocorrências em Itabuna

Em conversa com o Diário Bahia no último dia 4 de agosto, o delegado Humberto Matos contou que ainda não foi possível contabilizar o número exato de ocorrências registradas contra as empresas D9 e TipsClube, mas ressaltou que já são centenas. Ele explicou que os dois clubes foram criados em Itabuna, mas já estavam em outros estados e, até mesmo, fora do país.

Humberto Matos destacou que tem recebido ligações de outros estados de pessoas que afirmaram ter sido vítimas da D9 ou da TipsClube e que buscam informações sobre as investigações e do procedimento a ser feito. Ele explicou que tem orientado que estas pessoas registrem as ocorrências em suas próprias cidades.

 

Atividade da fanpage D9

Apesar de uma operação de investigação da D9 ter sido deflagrada na manhã do último dia 3 de agosto, em Itabuna. A página do Facebook continua sendo atualizada normalmente com postagens sobre o clube. Na noite do dia 3, uma publicação levava a seguinte mensagem: “Na D9 tudo é possível. Conosco você pode sonhar e realizar. Venha fazer parte da nossa equipe e comece a fazer o impossível torna-se possível”.

Também é possível notar imagens com mensagens em inglês e em espanhol publicadas na página da D9.

Imprensa internacional

O Diário Bahia apurou que, apesar de ter sido criado em Itabuna, o D9 já havia sido notícia fora do país antes. Em maio deste ano, notícias sobre o clube já começavam a aparecer na mídia paraguaia.

Em um site do Paraguai, o “Ultima Hora”, uma notícia veiculada em 22 de junho de 2017, leva o seguinte título: “Fiscalía trata de hallar a responsables de D9” (“Ministério tenta encontrar os responsáveis ​​pelo D9”). Na reportagem, o promotor José Morínigo esclarece que que estava investigando as operações realizadas pela D9 no Paraguai, com o objetivo de verificar a legalidade da empresa. No Ultima Hora, é evidenciado que ainda não se tinham muitas informações de como o clube funcionava.

No site La Nácion, também paraguaio, uma reportagem de 14 de maio destaca: “Empresários da D9 criticam a empresa por falta de pagamento e respostas”. Na matéria, é destacado que participantes da D9 estavam reclamando do não recebimento do dinheiro após investimentos. Segundo o La Nácion, alguns estavam há 40 dias sem receber e uma investigação já ocorria. “Esta situación se da en medio de la investigación del negocio como una supuesta pirámide de estafa” (“Esta situação ocorre no meio da investigação do negócio como um suposto esquema de pirâmide”).

Investigações e operação no Brasil

No dia 3 de agosto, a Polícia Civil de Itabuna realizou uma operação, sob o comando do titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, Humberto Matos. O objetivo foi apreender materiais ligados a membros da D9.

Foram apreendidas na ação uma moto aquática, uma moto Harley Davidson, um drone, uma câmera fotográfica e um sistema de servidor de Internet, além de serem cumpridos mandados de busca e apreensão em dez locais diferentes.

A operação foi nomeada Gizé, em referência à cidade do Egito que possui as maiores pirâmides.

O delegado informou ao Diário Bahia que as investigações começaram há 6 meses e foi necessário criar um grupo de trabalho para a investigação. O grupo é formado pelos delegados Humberto Matos, André Aragão, Katiana Amorim e Delmar Bittencourt.

Pirâmide financeira

De acordo com Humberto Matos, as pessoas que atuaram no golpe tentavam convencer outras a participar, alegando que se tratava de um negócio de marketing multinível. Mas ele afirma que se trata mesmo de uma pirâmide financeira, na qual as vítimas foram atraídas acreditando que funcionários seriam treinados para jogar em bolsas de apostas ligadas a jogos de futebol, o que não ocorria.

O delegado ainda explica que no marketing multinível um produto é vendido e, à medida que as vendas ocorrem, o vendedor eleva seu nível e recebe premiações. Já na pirâmide, não há um produto real e apenas os líderes, conhecidos como “piramideiros”, lucram.

Valores

A movimentação financeira dos  “líderes” é estimada em 2 bilhões de reais. Já o golpe financeiro aplicado em participantes, é estimado em 200 milhões de reais.

Texto: Diário Bahia/www.diariobahia.com.br (O levantamento de informações, traduções e entrevistas desta matéria foram realizados pelo Diário Bahia. As traduções nas imagens de reprodução do Facebook foram traduzidas automaticamente pela rede social)