O programa Todos pela Alfabetização (TOPA) vem alcançando dados considerados surpreendentes na alfabetização de pessoas jovens, adultas e idosas com mais de 15 anos na Bahia. Desenvolvida pela Secretaria da Educação do Estado, desde 2007, a iniciativa registrou um número de atendimentos (matrículas) a analfabetos maior do que o apontado pelo Censo 2010, do IBGE, em 75 municípios.
No município de Jaguaquara, na região Sudoeste da Bahia (337 km de Salvador), por exemplo, o Censo 2010 registrava a existência de 9.756 analfabetos. Levantamento do TOPA, feito entre 2011 e 2014, mostra que o programa atendeu a 27.608 pessoas, ou seja, 17.852 a mais do que o apontado pelo Censo 2010.
A coordenadora geral do Topa, Elenir Alves, fala que este resultado demonstra a eficácia do programa, que chega aos municípios por meio de parceria da Secretaria da Educação do Estado da Bahia com o Ministério da Educação/MEC, as prefeituras e entidades dos movimentos social e sindical. “Um diferencial do Topa está em monitorar e acompanhar os resultados das ações nos municípios que atuamos. Foi a partir desta análise, que chegamos a 75 municípios onde o atendimento realizado foi superior ao número de analfabetos apontado pelo Censo. Isso demonstra a eficácia da ação que, em 2017, chegará à décima etapa”, afirma.
Balanço 2016 – Ao todo, em 2016, o TOPA matriculou 47 mil pessoas, em 228 municípios, por meio de 104 prefeituras e 288Entidades da Sociedade Civil parceiras, sendo que 86% oriundos da zona rural. Pelo alcance social da ação, o Topa conquistou, neste ano, o prêmio nacional Medalha Paulo Freire, promovido pelo Ministério da Educação (MEC), que teve 65 inscritos, com experiências exitosas na educação de jovens e adultos no Brasil.
Outra boa notícia de 2016 para o programa foi atestada pelo Instituto Paulo Freire. Mais do que elevar a escolaridade, aprender a ler e a escrever impacta diretamente na elevação da autoestima e na melhoria da qualidade de vida dos alfabetizados pelo Topa. Isto é o que mostram os resultados dos testes cognitivos de entrada da 9ª etapa do programa realizados pelo Instituto Paulo Freire. Chegar a esta conclusão foi possível, segundo explica o presidente de honra do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti, graças à introdução de perguntas qualitativas nos testes que, também, verificaram e mensuram o conhecimento em Português e Matemática de cinco mil alfabetizandos, em 11 regiões diferentes da Bahia.
“Detectamos que, a partir das perguntas qualitativas dos testes, os resultados foram além do objetivo principal do TOPA, que é a alfabetização de jovens e adultos. Constatamos que o programa contribui para que as pessoas empobrecidas que não tiveram a oportunidade de serem alfabetizadas na idade certa tenham tido a sua autoestima aumentada e não mais se sintam sozinhas no mundo, porque são acolhidas por um coletivo”, relata Gadotti.
Além disso, completa Gadotti, “o programa vem contribuindo para diminuir a mortalidade por desnutrição, como reconhece o próprio Banco Mundial, porque os alfabetizados passam a entender mais de saúde, de condições de higiene”. Outro ponto importante relacionado aos resultados dos testes cognitivos, conforme o representante do Instituto Paulo Freire, é o perfil de avaliação de acompanhamento da aprendizagem e de certificação. “E este é um papel importante dos testes que buscam avaliar os resultados do TOPA, a partir de sua proposta, que é partir dos saberes do alfabetizando para construir o que eles não sabem, e isto é o que considero de mais fantástico no programa”.
Formação – Para os alfabetizadores do Topa, o ano também foi de aprendizagem. Ao todo, 5.126 bolsistas passaram pelo processo de formação em cinco instituições: Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Universidade Federal de Feira de Santana (UEFS), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Instituto Imborés e o Instituto Educacional do Recôncavo Baiano (Ierb). A alfabetizadora Maria José Cruz, 62 anos, atuante no bairro de Pirajá, onde reside, fala da alegria em participar da alfabetização de jovens e adultos de sua comunidade. “Este ano, fui responsável pela alfabetização de 11 pessoas e isto me deixa muito alegre. E isto é possível graças à riqueza do TOPA, um programa que muito ensinou. Agora, quero fazer universidade”.