Em toda a Bahia, existem 5.773 escolas profissionalizantes e de idiomas. São os chamados cursos livres, que atendem a 404 mil alunos em quase todos os municípios do estado. Além do mais, essas escolas empregam 51.984 pessoas, fora os prestadores de serviço, a exemplo dos instrutores.
Esses dados foram levantados pelo Movimento Cursos Livres (MCL) junto ao Sebrae e a Receita Federal. E são usados para fundamentar a necessidade de providências contra um possível colapso nessas escolas. Se elas não reabrirem logo — argumentam os líderes do MCL — a tendência é que sejam fechadas.
Para evitar que isso aconteça, o Movimento Cursos Livres não só elaborou um protocolo de segurança contra a transmissão do Coronavírus, como também busca uma oportunidade para mostra ao governador Rui Costa e ao prefeito ACM Neto que as escolas profissionalizantes e de idiomas reúnem condições para retornar suas aulas.
São argumentos que têm atraído apoios importantes, como o professor Afonso Florence, deputado federal, e a vereadora Ana Rita Tavares. Ontem, esses dois políticos participaram de uma reunião on-line com os líderes do MCL, quando ouviram todas as explicações de empresários e franqueados dessas escolas.
O QUE PENSAM OS EMPRESÁRIOS
O Movimento Cursos Livres BA reúne empresários e franqueados de ensino livre na Bahia, como escolas profissionalizantes e de idiomas que, segundo dados do IBGE, de acordo com o código nacional de atividade econômica, totalizam 5.773 estabelecimentos.
Ao todo, nosso segmento emprega (também em relação ao nosso CNAE) 51.984 empregos diretos, além de mais de 20 mil prestadores de serviços que lecionam nestas instituições.
O faturamento anual do nosso setor no Estado é de R$1.155.200.000,00 (dados da receita federal), provenientes de mais de 404 mil alunos nas mais de 400 cidades baianas.
O ensino livre se diferencia em muitos aspectos do ensino regular. Enquanto o regular (fundamental, médio, superior, técnico e tecnológico) é regulado pelo MEC, o ensino livre é considerado prestação de serviços, e são livres para criar e desenvolver seus próprios cursos, de modo a atender as necessidades de empresas e do mercado de forma rápida e dinâmica.
O Ensino Livre possui características próprias que permitem a retomada de suas atividades, com medidas de segurança, sem atrapalhar a luta contra o COVID. Vejamos algumas diferenças:
As salas de aula possuem em média de 8 a 10 alunos apenas, para permitir o aprendizado prático, como a pronúncia de idiomas ou prática de corte e costura. Já ensino médio, por exemplo, há de 50 a 60 alunos por sala.
Não possuímos pátios, nem recreios ou intervalos. O aluno sai da aula direto para casa ou trabalho. Ou seja, ainda que quiséssemos, sequer possuímos um ambiente que proporcione aglomeração.
Total de alunos é diluído ao longo da semana, já que temos apenas 01 ou 2 aulas semanais.
Diferenças econômicas:
A suspensão de aulas no ensino regular pode resultar em redução de faturamento, mas não representa evasão de alunos, já que os pais possuem, por exemplo, obrigação legal de manterem seus filhos estudando até o fim do ensino médio. Tampouco é de se esperar que alunos de medicina abandonem suas carreiras por alguns meses sem aula.
Mas no ensino livre não é assim, o aluno é de classe C e D, e suspende seus pagamentos de imediato, e nossa evasão aumenta a cada dia. É possível que tenhamos quase zero alunos se o isolamento se estender da mesma forma como o ensino regular tende (por suas características de aglomeração que não possuímos).
Isso pode condenar todo o nosso setor ao fechamento, gerando muito desemprego. Nosso papel é ajudar o aluno desempregado a ter um ofício rapidamente, seja como barbeiro, cozinheiro, instalador de ar condicionado, e obter renda por conta própria.
Nós somos essenciais para nossos alunos, somos parceiros na retomada econômica e social na Bahia. Contem conosco, nós também precisamos contar com vocês.
Com base nesses argumentos, o Movimento Cursos Livres fez uma manifestação pacífica no Corredor da Vitória, no último sábado, 13, em Salvador. O objetivo foi despertar a atenção dos governantes e da comidade para um problema que se avizinha: o fechamento das escolas.