Por Celina Santos
Aos 45 anos, o educador físico e empresário Manoel do Carmo é um veemente defensor do incentivo ao esporte como alternativa para conduzir jovens a caminhos positivos em Itabuna. Ele treina atleta há mais de 20 anos, preparou fisiculturistas para competições e hoje acredita na prática de atividades sem o uso de artifícios químicos (anabolizantes e/ou suplementos). Da mesma forma, aposta na dupla educação-esporte como ferramenta de transformação social.
Na sua visão, qual a maior carência de Itabuna hoje em relação ao esporte?
Itabuna é um celeiro de bons atletas. Estamos vendo jovens sendo patrocinados pelos pais, e não por empresas. Só que depois as empresas querem pegar a imagem de graça, depois que a pessoa está famosa. E a imagem de um atleta custa caro, porque há um esforço sobre-humano na preparação. Nosso país é pobre de esporte, porque as pessoas não apoiam o esporte.
E o que o Poder Público municipal pode fazer neste momento?
Pensei que haveria mais investimentos no Esporte, aí a Secretaria de Esporte fecha. Precisamos ir para esses bairros. Nós que estamos no Centro não somos diferentes deles. Porém, se não fizermos um trabalho nos bairros com esses jovens, mais tarde eles vão vir nos atacar como adversários. Itabuna já não tem lazer e você acaba criando adversários sociais. Qual lazer e esporte o jovem tem hoje em Itabuna? Nenhum! Não devemos só esperar pelos políticos, mas nós fazermos alguma coisa por esses jovens.
De que forma?
Outro dia, ouvi uma frase muito interessante: “Você não venceu sozinho; você tem que devolver aquilo que você recebeu”. Eu recebi do esporte, minha infância foi terrível, eu não tinha pai nem mãe. Tive que me virar sozinho e o esporte me resgatou. As empresas precisam abrir os olhos para esses jovens que estão buscando um caminho justo, um caminho correto através do esporte.
O que se pode fazer em curto prazo como incentivo ao esporte?
Estou com um projeto no bairro São Pedro, que tem vários talentos e os outros bairros também têm. Nem todo mundo que tá lá quer ser marginal. O que nós precisamos é motivar esses jovens. Temos uma piscina na Vila Olímpica. Mas será que tem profissional para acompanhar os jovens? Abro um parêntese para os profissionais; academias cresceram muito, porém, os profissionais têm que tirar essa questão só do campeão, do vencedor. Tem que fazer um trabalho de autoconscientização; não adianta culpar o prefeito, deputados, o presidente, se eu não fizer uma prática diferente com minha profissão.