Estamos na semana em que o povo itabunense comemora mais um ano da emancipação política da nossa cidade, ocorrida a 28 de julho de 1910; lá se vão, portanto, cento e nove anos, desde que o “município, vila e termo de Itabuna” passaram a ser a “cidade de Itabuna”, após muitas idas e vindas, iniciadas no final do século XIX. A lei estadual 807, de 28 de julho daquele ano, vinha ao encontro dos anseios do povo itabunense, coroando o trabalho de muitos, à frente o “gigante” José Firmino Alves, que aqui chegou aos 14 anos, participando daquele grupo organizado por Félix Severino de Oliveira, também conhecido como Felix Severino do Amor Divino.que aqui se encontrava desde 1859,desbravando as matas e começando a erguer um povoado que, hoje, é a nossa pujante cidade. Foi em 1867 que Felix Severino resolveu buscar seus conterrâneos, em Sergipe, para ajudá-lo na formação do novo núcleo habitacional e nesse grupo encontrava-se Firmino Alves, o verdadeiro líder consolidador da formação de Itabuna Tais fatos estão bem narrados em trabalhos de Manoel Bonfim Fogueira, Oscar Ribeiro Gonçalves, José Dantas de Andrade, Carlos Pereira Filho e, principalmente, Adelindo Kfoury Silveira, narrando a história e “estórias” dos primórdios e da consolidação deste que é o centro da chamada “região cacaueiras”, a nossa cidade de Itabuna, o antigo arraial de Tabocas ou Cachoeiras do Itabuna, como os ilheenses se referiam ao seu 3º distrito.
Trago bem na lembrança a Itabuna dos anos quarenta, quando o menino nascido no Pontalzinho começou a observar melhor a cidade onde vivia, a movimentação feérica em torno dos “frutos de ouro”que, tal como ocorreu no início do século XX, continuava atraindo mais e mais pessoas pois havia, ainda, muita terra a ser cultivada e transformada nos cacauais, dando emprego a milhares de pessoas e enriquecendo muita gente. Firmas importes instalavam-se na cidade, no comercio do cacau, também atraindo outros negócios que giravam em torno da lavoura cacaueira. Por algumas décadas, o cacau foi o principal produto da nossa cidade e da região mas, eis que nos anos oitenta, a temida “vassoura de bruxa”, para aqui trazida, intencionalmente ou não, deu uma freada no nosso desenvolvimento econômico, fato que, até os dias presentes, não foi recuperado. E o povo itabunense, tal como ocorreu com outras cidades e vilas da região cacaueira, teve que se adaptar aos novos tempos, tentando superar a “débâcle” ocasionada pela “vassoura de bruxa” e pouco a pouco a nossa Itabuna foi se transformando n uma cidade com outra feição econômica, com novos serviços, crescimento na área educacional e, também como consequência da queda na lavoura cacaueira, ocorreu uma evasão rural muito grande, em direção às cidades e a nossa Itabuna não ficou de fora, atraindo mais pessoas, com crescimento vertiginoso e desordenado.
Chegamos aos 109 anos de emancipação política com uma população de mais de duzentos mil habitantes, dezenas de bairros quando, nos anos quarenta, contávamos nos dedos o número de bairros que existiam; tivemos grandes progressos na educação, nas comunicações e já possuímos a melhor assistência médico-hospitalar do interior do estado, condição que, infelizmente, estamos perdendo. Assistimos, pouco a pouco, a degradação do nosso rio Cachoeira e ai, parte da culpa recai sobre as pessoas que transformam o nosso principal fornecedor de água em esgoto quando, outrora, era fonte de renda para muitos pescadores e área de lazer para a juventude.
Sergipanos, sírio-libaneses, baianos e brasileiros de outras paragens vieram acrescentar, com o seu trabalho e a sua participação, a formação e desenvolvimento do antigo Arraial de Tabocas, hoje, a Itabuna louvada em prosa e verso por alguns filhos ilustres que enaltecem a dedicação de tantos quantos procuram engrandecê-la. Nada freará o seu caminho para o desenvolvimento, que poderia ser mais rápido e mais visível, dependendo da capacidade e da vontade política mas, o seu povo continuará trabalhando e honrando o legado dos pioneiros que, hoje, ocupam um lugar na sua história.