Por Mariana Benedito*
Ansiedade é uma sensação presente em qualquer pessoa e tem a importante função de servir como sinal de alerta e resposta biológica a qualquer tipo de situação que a mente qualifique como perigosa, desagradável, desconfortável. É comum e altamente natural nos sentirmos ansiosos antes de uma apresentação em público, diante de um acontecimento específico ou especial, diante da possibilidade de concretização de um projeto; todos possuem ansiedade em maior ou menor grau, o diferencial que acende o alerta vermelho é quando essa sensação traz prejuízos significativos para o andamento das atividades cotidianas; enquanto as demandas diárias não são excessivas e são mais flexíveis, podendo ser adiadas, ou por vezes até mesmo esquecidas. Para uma pessoa ansiosa, as preocupações são muito mais intensas e angustiantes, com maior duração e, muitas vezes, acompanhadas de sintomas físicos.
Uma pessoa com ansiedade considera altamente difícil controlar a preocupação decorrente de uma situação, e toda essa angústia proveniente de apreensão excessiva manifesta uma sensação de estar com os nervos à flor da pele, uma inquietação, dificuldade de concentração, sensação de branco na mente, sono insatisfatório ou irregular, irritabilidade, tensão muscular, já que a intensidade, duração e frequência do pensamento temeroso é desproporcional à probabilidade real da situação antecipada, sendo aflitivo não conseguir evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção e nas atividades.
A manifestação da ansiedade é, de forma bem simplista, uma resposta do nosso inconsciente para situações que consideramos traumáticas ou perigosas, e isso se relaciona muito com a nossa necessidade de resolução de problemas que, muitas vezes, nós nem mesmo conhecemos ou compreendemos; é como se a nossa mente estivesse sempre nos preparando para situações de risco ou nos pondo sempre a postos para o combate. O nosso inconsciente é a parte da mente que armazena situações de nossas vidas que não lembramos – seja porque tenham sido dolorosas, traumáticas ou difíceis de lidar, de algum modo – e é natural que, no decorrer da vida adulta, alguns dos nossos comportamentos, pensamentos, desejos ou dores reprimidas, especialmente na fase da infância e pré-adolescência, voltem a se revelar como sintomas de ansiedade.
Então, como eu sempre afirmo e friso, a principal ferramenta de entendimento de todo esse mecanismo que a nossa mente utiliza para manifestar seus conteúdos é o autoconhecimento, a auto-observação; e uma das alternativas mais eficazes para essa busca é a psicoterapia. Se colocar disponível e disposto a fazer o caminho para dentro, o inverso do que tanto fazemos ao longo de nossas vidas buscando aceitação, adequação. Perceber o que nos move, por que agimos de determinada forma, o que nos condiciona, que teia nossa mente utilizou para se constituir nos auxilia a montar esse quebra-cabeça tão fascinante que é a mente humana, com toda sua singularidade e complexidade.
Somos todos iguais e profundamente diferentes.
– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
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