A noite desta segunda-feira (24) será dedicada, mais uma vez, à memória só saudoso ex-prefeito Fernando Gomes. A Catedral de José será palco da missa pelos primeiros 12 meses após a morte do principal líder político sul-baiano.
Prefeito por cinco mandatos, deputado federal em três oportunidades, seu Fernando (como era chamado por todos) tinha algo que marqueteiro consegue fabricar: o tal carisma.
Autêntico, às vezes até indelicado, ele despertou amores e ódios na mesma medida. Por isso, protagonizou Pou anos um verdadeiro “Fla x Flu” na política de Itabuna. De um lado, os “fernandistas de carteirinha”. De outro, os “geraldistas de carteirinha”.
Itabuna e a paixão política
Esta repórter que vos escreve não se esquecerá jamais do duelo que foi a campanha de 2000. Os adeptos ao então candidato Geraldo Simões (PT) seguiam em caminhadas sob o jingle, em ritmo de forró: “Geraldo Simões/ pra fazer muito mais…”.
Em contrapartida, o marketing daquela campanha elaborou um vídeo muuuuuito emocionante. Num dia 07 de setembro, supostamente a mando do candidato à reeleição Fernando Gomes, policiais de Cavalaria avançaram sobre manifestantes no “Grito dos Excluídos” .
Mais uma vez, um vídeo genial mostrava as cenas dos cavalos indo do encontro das pessoas e uma música forte (em ritmo de samba) vaticinava: “Apesar de você/ amanhã há de ser/ um novo dia… ”
O resultado daquele pleito, como todos sabem, foi desfavorável a seu Fernando (desculpa. Não chamar seu o seu. Afinal, era um homem mais velho que eu).
Fiel escudeira
Outra figura importante na trajetória política do ex-gestor foi Maria Alice Araújo Pereira, a famosa “dama-de-ferro’. Forte como ele, valente, amada por uns, odiada por outros. Os românticos diriam: “almas gêmeas”.
Segundo ela, casada e mãe, era uma amizade que durou mais de 30 anos. Ela era, como costumo dizer, “amiga da contar segredo ” para aquele líder grapiúna.
Dona Alice sempre relatou que Fernando de outrora, que começou na labuta como vaqueiro e ascendeu ao ápice (tanto política como economicamente) tornou -se polido à medida que idade foi avançando.
Ela dizia: “Fernando não é mais aquele homem bruto de antigamente”. Ele me disse, numa entrevista em 2007: “sou comerciante e sei ganhar dinheiro” . Uau!
A mesma cidade que completará 113 anos de emancipação política na próxima sexta-feira (28). É até uma ironia da abstração chamada destino, não é? Fernando Gomes morreu a poucos dias do aniversário desta terra, pela qual ele era apaixonada.
Como um dia a professora Acácia Pinho, que já candidata a vice-prefeita, definiu: “Fernando é um tocador de obras”. Uma síntese perfeita, não é? De fato, são muitos os equipamentos públicos assinados em gestões de FG
Novo adeus
Por tudo aqui relatado, certamente a Catedral de São José estará lotada na missa pelo primeiro ano sem Fernando Gomes. Ele, inclusive, demonstrava ser um católico contumaz, do tipo que ia à missa frequentemente.
E levava a família para compartilhar o momento de fé. A última esposa, agora viúva Sandra Neilma, tem sido apontada como possível pré-candidata numa próxima. Não sabemos, porém, se é realidade ou boato. Usando uma palavra da moda, talvez seja “fake news”.