SERÁ QUE VAI MUDAR?


O chefe do Palácio do Planalto, segundo Wense, deu um chega pra lá nele mesmo


O sentimento que tive com o pronunciamento de ontem do presidente Jair Messias Bolsonaro foi de alívio. Conversando com meus botões, como diria o polêmico jornalista Mino Carta, fiz a seguinte pergunta: Será que vai mudar?

Como não sou, nunca fui e jamais serei adepto da mesquinha política do quanto pior melhor, torço para que a ficha do senhor presidente caia, que ele tenha juízo, que desça do palanque, que entenda que é presidente de todos e não só de quem votou nele.

O chefe do Palácio do Planalto deu um chega pra lá nele mesmo. Tomara que seja assim até o fim do mandato, sob pena de um processo de impeachment ficar cada vez mais provável, inclusive com o apoio de segmentos das Forças Armadas que não estão satisfeitos com a maneira que a autoridade máxima do Poder Executivo vem se comportando diante da grave crise provocada pelo maldito vírus.

A teimosia, no entanto, continua inarredável. Bolsonaro ainda acha que o distanciamento social não é necessário, contrariando as personalidades científicas do mundo todo. É como defender que o futebol seja jogado com uma bola de ping-pong.

Seus três ministros mais importantes, considerados “imexíveis”, que só deixam o governo por decisão própria – Paulo Guedes (Economia), Sérgio Moro (Justiça) e Luiz Mandetta (Saúde) -, estão unidos em torno do isolamento social como o melhor caminho para conter uma proliferação sem controle do coronavírus.

Deixando de fora a fracassada tentativa de insinuar que o presidente da Organização Mundial da Saúde (OMS) pensa igual a ele em relação ao afastamento social, Bolsonaro fez um pronunciamento, quando comparado com os anteriores, elogiável.

O presidente reconheceu que “o vírus é uma realidade”, não é nenhuma “gripezinha” ou “resfriadinho”. Disse, em alto e bom som, que “não existe remédio com eficiência comprovada”, se referindo ao hidroxicloroquina. Bolsonaro, orientado pelos correligionários mais lúcidos, fugindo do chamado “gabinete do ódio”, foi um outro Bolsonaro.

Que continue assim. É só seguir o bom ministro Mandetta e não ouvir os incendiários conselhos de quem quer apagar fogo jogando gasolina: seus filhos 1, 2 e 3.