Wadson Nocaute anuncia aposentadoria das competições


Campeão de muay thai deseja dedicar-se a outra atividade


Aos 45 anos, Wadson deu nocaute nas dificuldades e tornou-se referência mundial no muay thai (Foto: Celina Santos)
De Itajuípe pro mundo, Wadson exibe um conjunto de cinturões

“Eu vi o menino correndo/ eu vi o tempo/ brincando ao redor do caminho daquele menino…”. Os versos da música “Força estranha” combinam com a trajetória do lutador de muay thaý Wadson Nocaute, que conquistou projeção internacional. Aos 45 anos, após 27 de dedicação ao boxe tailandês, ele contou ao Diário Bahia que deseja abraçar outro “rinque”.

Batizado como Wadson Teixeira de Jesus,, o atleta nascido em Itabuna e criado em Itajuípe é um apaixonado pela luta que o projetou ao mundo. Mas revelou que não deseja mais competir. Enquanto ganhou fama com incontáveis vitórias na luta, foi descobrindo a habilidade para compartilhar o que aprendera. Assim, tem academias em várias cidades sul-baianas. “Sou pioneiro no muay thai; fui a pessoa que começou esse esporte em toda a região”.
Agora, é a este trabalho que o lutador grapiúna pretende entregar toda a energia. “O esporte mudou a minha vida, mudou a minha história, me deu oportunidade. Com isso, mudei muitas outras vidas”, resumiu, sempre com serenidade.
Assim que estava para concluir o ensino médio, lembrou, teve que se mudar, porque a arte marcial lhe abria chances. “A luta me deu oportunidades fora do país e eu parti pra conquistar o mundo. Morei na Suíça, França, Portugal, quatro vezes na Tailândia… “, enumerou.

À preparação

Questionado se a família vai junto nas incursões dele a trabalho, explicou: “Não. Sempre vou sozinho, porque é uma temporada de treinamento; a depender do nível do combate, do meu adversário, fico de três a quatro meses. Fico muito tempo em outro país treinando, me preparando, me adaptando para enfrentá-lo”.
Quando indaguei sobre a remuneração após tantas lutas, ele confirmou que recebe em dia. Aí, emendei: Então, você já está rico… Rindo, o campeão sul-baiano respondeu, num tom cute-cute: “Não, não; mas digo feliz. Porque o esporte me deu retorno daquilo que foi investido pra chegar até aqui”.
Ainda na rápida conversa, quis entender o passado dele quando menino (cronologicamente falando). “Era brigão, explosivo e, à medida que fui ganhando poder com o esporte, fui me auto-disciplinando; o esporte me transformou, mudou a minha vida e a vida da minha família”, elaborou.
Por falar em combates, o atleta famosíssimo venceu três campeonatos mundiais de muay thai e kickboxing, além das inpumeras medalhas e troféus na fase amadora. “Fui o primeiro baiano na história a participar do reality show ‘Infusion’, o maior evento de muay thai do mundo, sou o primeiro baiano na história a virar herói de revistas em quadrinhos, sou o primeiro baiano a treinar atletas de UFC, tudo isso são conquistas”, exemplificou, como a dar uma dimensão ao alcance na carreira.

Wadson já virou herói de história em quadrinhos

Pop do lago

A rápida conversa com Waldson demonstrou o apego às raízes, à cidade onde começou a conhecer a face do mundo. Deve ser pela beleza do lugar, com um lago que encanta a todos que chegam por lá. “Eu nasci em Itabuna, fui criado em Itabuna, mas tenho raízes em Itajuípe. Minha mãe é de lá, minha família é de lá e passei a morar em Itajuípe há muitos anos”, esclareceu. O atleta é casado (com Lilia Cabral)  e pai de dois filhos (Arthur e Pietra).

Assim, segue entre a calmaria de casa e a rotina “pop”, quando vai a eventos. Semana passada, por exemplo, foi convidado para compor a mesa em uma sessão na Câmara de Vereadores de Itabuna. O tema foi o destaque conquistado por alunos do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, que receberam medalhas com o desempenho na Olimpíada Brasileira de Ciências (OBC).

À plateia repleta de estudantes, ele falou: “Vi na educação a minha imagem mais importante. E com isso mostrei às pessoas a diferença: um lutador pode ser educado, um lutador, acima de tudo, precisa ser inteligente e isso me fez grandioso aos olhos de muitos lá fora. Sempre digo às pessoas: a educação em primeiro lugar sempre; é essencial!”, enfatizou, indicando a linha que pretende assumir com os alunos.

Logo após terminar a entrega das premiações, o atleta campeão foi abordado por fãs que desejavam autógrafos na revista em quadrinhos “Turma do Nocautinho”. Coisa de artista, não é?

Estrela grapiúna: após sessão na Câmara , fãs abordaram Wadson para autógrafos (Fotos: Celina Santos)

Sobre o muay thai
Arte marcial surgida na Tailândia há mais de dois mil anos, o muay thai (boxe tailandês) é praticado em vários países. Tornou-se, por sinal, uma “febre” nas academias, dado o alto potencial para trabalhar os músculos, a agilidade, flexibilidade, respiração. Tudo que os amantes da malhação buscam, hein?