Grupo de professores reclama de demora para receber salários na Bahia


Recém-aprovados no concurso, alguns ainda sem salário; Estado anuncia folha complementar para sanar pendências


O governador Rui Costa havia anunciado um cronograma de pagamentos dos servidores, válido para todo o ano (Foto: Manu Dias)

Um grupo de professores aprovados no mais recente concurso da rede estadual de ensino da Bahia está há três meses sem receber salário. Os docentes, lotados em vários núcleos, começaram a dar aulas dia 11 de fevereiro, mas temem que as limitações burocráticas façam com que a demora no pagamento se prolongue. “Tenho um colega que só conseguiu comprar arroz pra comer”; exemplifica um docente. A situação é relatada por educadores designados para atuar em Itabuna, Teixeira de Freitas e Salvador, entre outras cidades.

A aflição é maior ainda entre aqueles que foram convocados para atuar em cidades diferentes daquelas onde tenham familiares, amigos ou qualquer pessoa que possa socorrê-los enquanto o salário não vem. “Como pagar aluguel, fazer feira, pagar transporte?”, indaga uma professora.

Matrícula pendente

Numa correspondência endereçada à Secretaria de Educação, os docentes solicitam providências com relação ao processo de matrícula” dos novos servidores. “Minha angústia é saber que a folha de pagamento do estado fecha dia 20 de abril e se nossa matrícula não sair até essa data, corremos o risco de ficar sem salário no final do mês de novo”, desabafa um professor.

Eles também relatam dificuldades para ser atendidos nos canais de comunicação disponibilizados pela Secretaria Estadual de Educação e pelos Núcleos Territoriais de Educação. Referem-se, também, à ausência de informações básicas relacionadas ao andamento dos processos e a possíveis erros ou pendências nas documentações enviadas. “Requeremos a análise individual da nossa situação cadastral e verificação da documentação”, clamam na carta.

Os professores reconhecem que, no último mês, houve a geração da matrícula para pagamento de uma quantidade considerável de servidores. Porém, constatam, um número bem reduzido de matrículas foi designado em Diário Oficial. “Em diversas escolas, quase todos os recém-nomeados e nomeadas já possuem matrícula, acesso ao contracheque ou alguma informação sobre sua situação cadastral. Entretanto, os nomes dos servidores e servidoras em questão referem-se aos que, não apenas foram exceções em seus núcleos, mas que não tiveram uma resposta mais concreta ou nem mesmo foram atendidos pela SEC”, argumenta a carta, questionando a razão de tal situação, uma vez que os documentos necessários para a matrícula já foram enviados.

A expectativa do grupo de professores, ainda sem salário, é que sejam incluídos na próxima folha de pagamento da Secretaria de Administração do Estado da Bahia (SAEB). “Solicitamos das autoridades competentes um olhar mais humano e respeitoso com as/os profissionais da educação do estado da Bahia”, diz a mensagem.

Outro lado

Procurada pelo Diário Bahia, a assessoria da Secretaria de Educação encaminhou a nota disposta abaixo.

“Em relação ao pagamento dos professores, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia informa que a Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb) está identificando e solucionando problemas decorrentes do processo de transição para o novo sistema informatizado de Recursos Humanos do Estado, o RH Bahia. Segundo a Saeb, no dia 10 de abril será feito o pagamento em folha complementar para aqueles servidores que tiveram inconsistências na sua folha de março”.