O que era pra ser um Natal feliz acabou virando um pesadelo para a família de Glenda Martina Messias Leão, em mais um caso envolvendo a saúde pública de Itabuna. A bebê nasceu na última segunda-feira (16), na Maternidade Ester Gomes, e morreu dois dias depois. A família acusa o hospital de negligência.
Ao Diário Bahia, a mãe Gisllany Messias, de 17 anos, contou que quando completou 41 semanas de gestação foi encaminhada à Maternidade pelo Posto de Saúde do bairro de Fátima, onde mora, já que não havia sinais de trabalho de parto. Ao chegar lá, o médico pediu uma ultrassonografia. O exame mostrou que havia pouco líquido amniótico e então foi realizada uma cesariana.
O problema é que, após o parto, mãe e filha não tiveram acompanhamento médico, mesmo estando dentro de um hospital. “Nem remédio pra dor me deram. Só depois que minha mãe implorou, pois eu não estava aguentando mais. Só vi o rosto do médico, Luiz Leite, na hora do parto e da alta. E na hora de ir pra casa também não fomos examinadas. Só deram o papel da alta e a receita para eu comprar o remédio pra dor”, disse Gisllany.
A pequena Glenda, segundo a avó materna, Elaine Messias, também não teve atenção médica. “A gente percebeu que ela estava muito magrinha. Até a moça que deu banho nela disse que parecia estar desnutrida. Ela também respirava com muita dificuldade. Pedimos pra algum médico ir examinar, mas ninguém ia. Só na terça-feira que um pediatra olhou rápido e bem superficialmente”, relatou ao Diário Bahia. Ela disse que ainda ouviu de uma enfermeira que “ali não tinha isso de médico ficar examinando não”.
Mesmo apresentando dificuldades para respirar, Glenda teve alta na quarta-feira (18), junto com a mãe. Mas passou poucas horas em casa. À noite, Gisllany notou que a filha estava ficando roxa. Imediatamente, a avó a levou para o Hospital Manoel Novaes, onde pagaria uma consulta particular. Mas a bebê não resistiu.
“O médico do Manoel Novaes perguntou onde tinha sido o parto e disse que pelo peso dela e pela dificuldade que ela tinha para respirar, deveria ter ido para UTI Neonatal assim que nasceu. Ela morreu por problemas respiratórios, confirmaram no Complexo. Não diagnosticaram antes porque não examinaram na Maternidade Ester Gomes”, detalhou Elaine Messias.
Indignada, a família espera justiça. “Isso não pode ficar assim. Está demais. Quantas crianças mais vão morrer para que façam alguma coisa? Era a primeira neném da minha filha”, disse Elaine. “Só quero justiça. Não quero que isso aconteça com mais ninguém. É triste demais”, completou Gisllany.
Tentamos contato com a Maternidade Ester Gomes, mas não conseguimos até o fechamento dessa matéria.